por Mirada__
Em “Dentes de leite”, Antonio Pokrywiecki, autor catarinense, traz personagens hilariantes e desajustados que buscam seu lugar em um mundo à beira do fim. O livro é descrito por Joca Reiners Terron como uma coleção de relatos onde sempre há uma ameaça pairando, refletindo a paranoia contemporânea.
Publicado pela editora Cachalote, “Dentes de leite” aborda como a psique humana é afetada pela incerteza do futuro, o medo do apocalipse e as pressões do neoliberalismo. A obra utiliza a sátira para desafiar o realismo e mostrar a vida moderna em sua estranheza. Antonio revela que a palavra "crise" guia os sete contos do livro, onde personagens enfrentam a falta de algo essencial, simbolizado por um dente arrancado.
A fragmentação das narrativas é uma escolha formal que reflete a realidade atual, permitindo a Antonio uma escrita direta e irônica. Joca Reiners Terron destaca a paciência do autor em extrair medos e prevenções dos leitores, comparando-o a um dentista trabalhando em um paciente na cadeira elétrica.
Os contos exploram o medo do futuro em diversas situações. “O anjo exterminador” retrata o fim do mundo visto de um apartamento, enquanto “O balneário” mostra a destruição da natureza pelo progresso humano. Em “Nico e Kira”, a tecnologia impacta a vida de um casal, e em “Dentes de leite”, um menino enfrenta bullying na escola. “Ilusões perdidas” satiriza o Vale do Silício e aborda a crise em uma startup.
Antonio Pokrywiecki, natural de Joinville (SC) e atualmente residente em São Paulo, é jornalista e escritor de ficção. “Dentes de leite” surgiu como um projeto para redescobrir a diversão na escrita, levando quatro anos para ser concluído. Suas influências literárias incluem J.M. Coetzee, Roberto Bolaño, Rubem Fonseca, Carola Saavedra, entre outros.
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