The Caretaker | Leyland Kirby

 por João Oliveira Melo__



James Leyland Kirby, nascido em 9 de maio de 1974 em Stockport, Inglaterra, é um compositor de música ambiente e eletrônica, atualmente residente na Polônia. Atuando em diversos projetos, ele é mais conhecido pelo pseudônimo The Caretaker, sob o qual utiliza samples de músicas das décadas de 1920 a 1940.


O projeto The Caretaker é uma representação poética da demência, especificamente do tipo Alzheimer, simbolizando o desgaste da memória ao longo do tempo. Uma de suas obras mais notáveis é "An Empty Bliss Beyond This World". Em 2016, Kirby iniciou uma série de seis álbuns intitulada "Everywhere at the End of Time", onde cada álbum representa um estágio diferente da demência.


Kirby pontua: "A memória sempre foi um fascínio para mim. Meu avô, nos últimos anos, sofreu uma forma de demência após sofrer uma série de derrames. Li muitos artigos e livros sobre esta doença, e é impressionante o quão devastadora ela é e como pode funcionar de tantas maneiras diferentes. Tentei abordar a ideia de usá-la de forma criativa, com grande respeito pela condição em si, por aqueles que sofrem com ela e por aqueles que cuidam de seus entes queridos."


Inspirado pelos filmes "The Shining" (1980), "Carnival of Souls" (1962) e a série "Pennies from Heaven" (1978), Kirby lançou o primeiro álbum do projeto The Caretaker, "Selected Memories from the Haunted Ballroom", em 1999. Este álbum foi criado a partir de samples distorcidos e fragmentados de antigos discos de 78 RPM. O projeto continuou com lançamentos como "A Stairway To The Stars" (2002), "We’ll All Go Riding On A Rainbow" (2003), "Additional Amnesiac Memories" (2006), "Theoretically Pure Anterograde Amnesia" (2006), "Deleted Scenes / Forgotten Dreams" (2007), e "Persistent Repetition of Phrases" (2008). "An Empty Bliss Beyond This World" de 2011, trouxe reconhecimento amplo ao projeto.


Kirby concluiu The Caretaker com "Everywhere at the End of Time", lançado em seis etapas a cada seis meses entre 2016 e 2019. Durante esse período, ele também lançou dois álbuns adicionais: "Take Care, It's a Desert Out There..." (2017), uma peça de 48 minutos dedicada ao escritor inglês Mark Fisher, e "Everywhere, An Empty Bliss", um álbum de outtakes lançado pouco antes de "Everywhere at the End of Time: Stage 6".


Sobre os Estágios de "Everywhere at the End of Time" Kirby em entrevista para o site Psychedelic Baby! Magazine, destaca que o estágio 1: representa um velho sonhando acordado, com um som consistente do começo ao fim; o estágio 2: marca uma grande diferença entre os humores. É o ponto onde o personagem percebe que algo está errado e começa a ver os médicos, consciente de que está desenvolvendo demência. Há descrença e tentativas de lembrar mais coisas, resultando em faixas completas, mas com seções removidas e o estágio 4 e os seguintes: apresentam uma incapacidade crescente de ter pensamentos claros, mergulhando em pura confusão. Há frases estranhas e reconhecíveis ocasionalmente, mas o personagem está essencialmente perdido a partir deste ponto.


"Tenho uma extensa coleção de livros e li muitos diários e relatos. Um livro com vários estudos de caso foi especialmente importante para mim, criado para ajudar os cuidadores a entenderem melhor como lidar com a demência. Foi engraçado em alguns lugares e ao mesmo tempo angustiante. Desenvolvi muito desta série com base no fato de que a demência é tão individualizada. A palavra demência pode significar muitas coisas para muitas pessoas; é único. Portanto, esta versão que fiz é exclusiva do The Caretaker, afirma James Leyland Kirby .





João Oliveira Melo é natural de Recife. É aluno do quarto período do Curso de Ciências Sociais (UFRPE).