por Carlos Monteiro__
Dia desses encontrei um querido amigo que reluzia de felicidade, dessas bem contagiantes, que acabam por envolver a gente e tudo ao derredor, como o brilho dos primeiros raios solares matinais; a tal felicidade cativante.
O motivo de tanta luz que ele emanava, como se a face oculta da lua estivesse totalmente iluminada? Amor, muito amor. Está amando profundamente e intensamente. Não esses amores de cinema ou novela mexicana, forçados em olhares superficiais, trocados entre os atores em suas belas interpretações.
Não um amor de fim de semana com tempo de validade, mas um amor maiakoviskiniano que ressuscita, um amor eterno e pleno como os compostos e cantados por Vinícius, o amor descrito por Paulo em Coríntios, que nunca falha e é perfeito. Enfim, o amor de tantos poemas, odes peremptórias que ardem sem se ver, que são ridículos, pois se não o fossem não seriam amor, que deixam almas perdidas, deusas e deuses de princípio e fim almas de sonhar, ensinamentos da inexistência da palavra ‘desistir’, numa grande geleia geral de sentimentos plenos de toda uma vida, amores que levam pela mão ou no esquecimento, de casinha branca, sapê ou no campo.
Ouvi dele frases marcantes, que dão aspas perfeitas, olhos maravilhosos em um texto jornalístico: “Eu ‘tava’ precisando voltar a acreditar no amor”; “...É bom chegar nesta fase de vida e voltar a ter planos, sonhos... sonhos a dois são mais possíveis”. Confesso, fiquei profundamente emocionado com o que era me dito.
Tinha um quê de Love Is in the Air, de John Paul Young, tocando sem parar na vitrola, vinil com os sulcos gastos de tanto ouvi-lo. Aquele ‘p’ra você eu guardei o amor’ de forma inabalável, uma trilha sonora com perfume de rosas, altares cujo divino e gracioso emoldura a estátua de primeira grandeza, porque ninguém, neste Universo, pensou a vida sem a paixão do amor.
E assim se fez o amor, ele crendo novamente e um. Ah eu, eu nunca descri no amor e, depois de todas as declarações ouvidas, das auras peroladas com tons azulados que emanavam do casal, do flutuar em planos e sonhos, voltei a crer na humanidade; estava precisando!
Carlos Monteiro é fotógrafo, cronista e publicitário desde 1975, tendo trabalhado em alguns dos principais veículos nacionais. Atualmente escreve ‘Fotocrônicas’, misto de ensaio fotográfico e crônicas do cotidiano e vem realizando resenhas fotográficas do efêmero das cidades. Atua como freelancer para diversos veículos nacionais. Tem três fotolivros retratando a Cidade Maravilhosa.