por Carlos Monteiro__
Longos dias à espera do ‘amanhã’.
Muito mudou, nada mudou e pergunto: algo mudará?
Como ouvi de Nélida Piñon, em entrevista a querida e saudosa jornalista Anna Ramalho, comentando sobre seu adorado Gravetinho Piñon, seu cão-gourmet da raça pinscher: “Eduquei-o a ser mal-educado”. Acredito que vivemos nestes tempos assim desta forma; um mundo de má educação e total indiferença ao próximo.
Alguns, valorizaram muito mais o egoísmo, a ganância, a disputa pelo poder, a mais-valia, a carteirada, do que a natureza de ser feliz.
Os dias têm amanhecido mais cedo! Nesta quinta, às 5h22, já havia luz no firmamento, mas os raios do Astro-Rei davam impressão de bombardeios, de fumaça de mísseis misteriosos.
Lembrei-me de Hiroshima, triste lembrança, talvez uma má recordação. São 79 anos de dor em que, como poetizou Vininha, “… Penso nas crianças / Mudas, Telepáticas / Penso nas meninas / Cegas, inexatas…”.
Os pássaros de aço, cada dia mais, tiram o espaço das fragatas bailarinas, elas sequer se fazem presentes pelos céus cariocas.
A bolha de sabão incandescente, explodiu em luz e cor em seu malabarismo espinhaço acima. São sóis nascidos em esperanças. Voltas em Baden: “... Voltei / A lembrança pedia / Pra eu voltar / A saudade mandava / Me chamar / E quando bate a saudade / Eu retorno / De onde estiver...”.
O bondinho, em um vai e vem frenético, se equilibra na highline, imita a dançarina que chega beijando o funcionário que sai.
Como o professor Pasquale Cipro que, debrua seu ‘tira-dúvidas’ diário pela CBN, lembro dos irmãos e Nelsinho Motta: “... Hoje é um novo dia / De um novo tempo que começou…”.
Que estes novos tempos sejam de reflexão.
Que o novo seja esperança…
Seja Sol de primavera.