Uma conversa com o escritor Roger Dörl sobre romance que reflete o futuro das tecnologias imersivas

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Entrevista | Explorando “Alena Existe”: uma conversa com o escritor Roger Dörl sobre romance que reflete o futuro das tecnologias imersivas


Publicado pela Ases da Literatura, obra mostra um mundo em que a realidade virtual ultrapassa a vida real


O escritor Roger Dörl (@rogerdorlartes), de 43 anos, tem conquistado espaço no cenário brasileiro de ficção científica com seu novo livro “Alena existe” (492 pág.). Nascido em Curitiba (PR) e criado em Joaçaba (SC), Roger atualmente reside em Brasília (DF), onde se dedica inteiramente à sua paixão pela música e literatura. Formado em Artes Cênicas e com especialização em Ensino de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, Dörl trilhou uma trajetória profissional diversificada, que incluiu desde o ensino em Santa Catarina até redação para web em diversas empresas.


Seu romance de estreia, publicado pela Ases da Literatura (@editoraasesdaliteratura), mergulha os leitores em um intrigante universo de realidade virtual. "Alena Existe" narra a história de Alena, uma jovem aventureira que enfrenta um mundo onde a realidade virtual domina as interações humanas. No Masterverso, Alena se dedica a simulações de montanhas, em contraste com a escassez de experiências reais. Contudo, um incidente inesperado abre caminho para um mundo desconhecido, desafiando as fronteiras entre o virtual e o real.


O livro não apenas entretém com sua trama envolvente, mas também provoca reflexões profundas sobre o futuro das tecnologias imersivas e suas implicações sociais e psicológicas. Confira abaixo uma entrevista com o escritor sobre a sua trajetória profissional e as inspirações para seu primeiro romance.  


1 - Quais os temas centrais de “Alena Existe”?


As implicações da realidade virtual e inteligência artificial em questões sociais e para os indivíduos; desigualdades sociais; saúde mental e emocional, além do desenvolvimento pessoal e conceitos do que é “ser humano”.


2 - Por que escolher esses assuntos?

Antes mesmo do Metaverso e das discussões sobre inteligências artificiais, eu já fazia essa reflexão do quanto o avanço digital afasta as pessoas não só umas das outras, mas de si mesmas enquanto seres físicos em uma realidade física — o que inclui distâncias e percepções do tempo totalmente distorcidas pelo digital. 


A realidade virtual e as IAs intensificaram essas questões, surgindo de repente como um caminho sem volta que já estamos trilhando. Em meio às discussões que elas levantam, vislumbrei um futuro em que todos estarão completamente imersos na virtualidade, sem mais a menor habilidade para o convívio humano direto.


Escolhi falar desses temas porque ainda estamos só no começo dessas tecnologias e das discussões que elas geram, o que nos dá um bom tempo para assumir as rédeas do processo e conduzi-lo de uma forma saudável para os indivíduos e para a sociedade. Nesse sentido, aproveitei conhecimentos que reuni na minha trajetória de pesquisador e experiências pessoais, procurando criar uma obra que explorasse a profundidade dos temas de uma forma acessível e envolvente.


3 - Quais as principais mensagens que podem ser transmitidas pelo livro?


A principal mensagem é que, apesar de todo o malabarismo tecnológico que fazemos, ainda somos humanos de carne e osso, parte da natureza, e a compreensão disso é fundamental para termos uma vida mais plena e saudável. Outra mensagem importante é que somos nós que criamos a realidade. Isso nos dá grandes responsabilidades, não só em relação às tecnologias em que estamos imersos (e que em grande parte ainda estamos construindo), mas também em relação à própria sociedade e suas estruturas. Por isso, é fundamental agirmos de forma consciente e ética, discutindo e procurando maneiras de construir um futuro melhor para todos. 


4 - O que motivou a escrever “Alena Existe”  e como foi o processo de escrita?


Apesar de ter me formado como artista, minha atuação profissional sempre esteve mais ligada ao ensino, e em determinado momento, decidi mudar essa realidade. Então, minha principal motivação foi esse desejo de “recolocação profissional”. Entendi que era a hora de me firmar profissionalmente como escritor, sendo que sempre produzi literatura de forma não comercial.


O processo de escrita de “Alena existe” levou cerca de um ano e meio, durante o qual eu ainda trabalhava como redator para web. Então, depois de escrever o dia inteiro para blogs de empresas, eu me obrigava a escrever no mínimo uma página do livro, e assim, fui vendo a história tomar forma. Eu escrevia do jeito que podia, muitas vezes cansado e sem revisar nada, até que completei as quase 500 páginas do livro. E aí, passei para as revisões, uma atrás da outra, antes de começar a buscar meios de publicação.


No fim, o processo todo foi maravilhoso e me convenceu de que nunca mais quero parar de escrever romances. É um trabalho como qualquer outro, com seus altos e baixos, mas ainda assim, fez mais sentido para mim do que todos os que já fiz.


5 - Você tem algum ritual de preparação? Tem alguma meta diária?


Não tenho um ritual de preparação, posso escrever em qualquer lugar e em qualquer circunstância, mas tenho uma particularidade: não gosto que ninguém leia enquanto estou escrevendo. Para que leiam, tenho que considerar o texto pronto, mesmo que seja só um rascunho ou primeira versão. 


Para escrever textos longos, costumo colocar uma meta diária, dependendo da minha disponibilidade de tempo. Na produção de “Alena existe”, por exemplo, a meta era no mínimo uma página por dia. Mas isso varia muito com as circunstâncias, e às vezes traço metas semanais ou mensais.


6 - Como a bagagem de trabalhos anteriores ajudou na construção da obra?


Apesar de nunca ter publicado, escrevi a minha vida inteira, nos mais variados estilos e gêneros textuais, mas principalmente poesia. Com ela, desenvolvi bastante um olhar sensível aos seres humanos, com suas complexidades e profundidades. Já em meus contos, sempre gostei de experimentar os limites do realismo com elementos místicos e fantásticos. Então, acabo trazendo tudo isso para o meu romance, que, embora seja uma ficção científica, envolve com naturalidade algumas questões de espiritualidade.


7 - Por que escolher ficção científica? Desde quando escreve dentro do gênero?


Sempre tive um gosto especial pela literatura e cinema de ficção científica, além de histórias de mistério, fantasia e aventura. Ao longo da vida, elaborei mentalmente dezenas de histórias nesses gêneros, mas nunca escrevi mais do que alguns contos e primeiros capítulos de livros que não foram adiante. Então, era só uma questão de tempo até que o primeiro romance acontecesse. 


Além do gosto que tenho por esses gêneros, como leitor, acho que eles têm um alcance bem grande e ao mesmo tempo permitem tratar de temas políticos, sociais e humanos mais complexos sem se tornarem maçantes ou panfletários. Assim, vejo neles uma forma de levar para mais gente algumas discussões e ideias que considero necessárias nos dias de hoje, ou mesmo para o ser humano em um sentido mais atemporal.


8 - Você escreve desde quando? Como começou a escrever?


Aprendi a ler e escrever em casa, basicamente perguntando os nomes das letras e o som produzido pelas combinações delas. Como meu pai escrevia poesia, esse foi meu primeiro gênero textual, e costumo brincar que a primeira frase que escrevi tinha dois versos e rimava “amor” com “flor”. Ao longo da vida, acabei escrevendo de tudo, mas nunca parei de escrever poesia e narrativas em prosa.


9 - Quais são as suas principais influências artísticas e literárias? 


Eu costumo ler de tudo e consumir todo tipo de arte, e tenho o hábito de misturar as mais variadas referências naquilo que produzo. Assim, não consigo traçar uma hierarquia do que me influenciou mais, e poderia ficar horas citando desde dramaturgos, poetas e grandes nomes da Literatura, Filosofia e diferentes áreas da Arte e da Ciência até escritores iniciantes que conheci por aí e que muitas vezes nem têm uma produção “aceitável” do ponto de vista profissional.


Mas, claro que quando escolhi o gênero que estou trabalhando, fiz também umas escolhas em relação a estilo, e elas acabaram me aproximando mais de uns autores do que de outros. E nesse sentido, acho que posso citar alguns com abordagens e estilos mais parecidos com o meu, como é o caso de J. K. Rowling, C. S. Lewis, George R. R. Martin, Ray Bradbury e Stephen King. Mas não posso deixar de sublinhar que esta é uma lista limitada, e que a comparação com esses autores não necessariamente leva a algum lugar.


10 - Como você definiria seu estilo? Que tipo de estrutura você adotou ao escrever a obra?


Eu definiria meu estilo como versátil, se fosse usar uma palavra só. Procuro manter uma escrita simples e acessível, ao mesmo tempo que toco em questões profundas, além de transitar entre o tom poético, o humor, as cenas de ação e a estrutura de thriller. E portanto, na estrutura, “Alena existe” é um misto de aventura e mistério, com uma busca por respostas, obstáculos sendo enfrentados, revelações novas surgindo a cada momento e tudo isso conduzindo a uma grande solução final.


11 - O que “Alena Existe” representa para você? Você acredita que a escrita do livro te transformou de alguma forma?


Para mim, escrever e publicar este livro significa ter alcançado o maior e mais antigo objetivo profissional e, se podemos falar em algo assim, meu próprio propósito no mundo. Apesar de uma trajetória profissional bem diversificada, com vários interesses e experiências, sempre soube que chegaria o dia em que eu começaria a escrever e publicar livros de ficção científica, aventura, mistério e fantasia. Então, posso dizer que isso me transformou mais em mim mesmo do que em uma pessoa nova, diferente do que eu era ou gostaria de ser.


12 - Quais são os seus projetos atuais? O que vem por aí?


Agora, estou em uma fase de produção constante, tirando da gaveta antigos projetos, desenvolvendo histórias curtas e estruturando futuros romances. Antes de um livro novo, quero compartilhar contos gratuitos em meu site e plataformas como Wattpad ou mesmo a Amazon e Kobo. É bem provável, também, que acabe explorando um pouco mais o universo de Alena antes de partir para o próximo romance, então, devem vir por aí novas histórias que se passam em Um Mundo e no Masterverso. De qualquer forma, ninguém vai ter que esperar demais pelas novidades, e elas vão aparecer com bastante frequência nos próximos meses.