Cataguá inebriante | Crônica de Carlos Monteiro

 por Carlos Monteiro_









                                                         
                                                                     
                                                              
                                                                   
                                                                                                           
E as Gerais; não há demais?

Mas, a poeta-poetiza dança a valsa vienense itabirana, então (me)ninas há. Flui, no trem das Minas, enorme delicadeza primaveril, flui como se fora, mundo afora, que aflora, deflorando a madrugada, frescor de ora-pro-nóbis, ramalhetes beatlemaníacos. Flui Cipó-Mangabeiras pele carmim. Brigam Holanda e Espanha. Holanda e as gaivotas, Espanha e seu mar.

Enamorada felicidade, pura verdade. Verdes esmeraldas de Oxossi, águas, ouros d’ouros d’Oxum, contas de citrino sagrado. Contas contos contados. Nos contamos nosso canto cantado, encanto do mais puro encantado. Contas, somente contas, em teu olhar-mineiral, duas contas turmalinadas. Princesa de sonhos vívidos vividos mulher, como já não há, ardente corpo celestial, tal celeste azul do éter, topázios em girassol setembrianos.

Minas divinal, espectro onírico, espelho da realidade expostos em nossos corações. Etérea, quinta-essência, gueixa Kabuki, olor essencial de tom jasminal, campo coberto em flor de cerejeira. Idiossincrática, elementarmente Atena, miradouro-minad’ouro de exemplos dadivosos falena imperial, efeito borboleta, camaleoa enclausurada, crisálida metamorfose, libertas quae sera tamen - nunca serás tarde! Airosa, pela formosa rosa ardósia.

És assim, somente, e tão somente assim, a vivência dos cinco elementos fundamentais: és fogo que me consome, és ar que me tiras, és água que me banha, és terra que te broto e és amor brotado pelo calor da terra, regado pelas vertentes que abrolham das tuas grutas, sopro pueril.

Teu nome, ah teu nome… Pasárgada, turmalina negra como a noite. Vou me embora para lá… lá, sou amante e terei teu corpo no catre que escolherás. Meu porto mais que seguro Horizontina cidade. Teu nome é amor-mulher.

Ame, amar, amém, não estou mais só na América, há uma canção. Tenho meu porto seguro mineiral. Amanhã, amanhecer em você Minas Gerais.



Carlos Monteiro
 é fotógrafo, cronista e publicitário desde 1975, tendo trabalhado em alguns dos principais veículos nacionais. Atualmente escreve ‘Fotocrônicas’, misto de ensaio fotográfico e crônicas do cotidiano e vem realizando resenhas fotográficas do efêmero das cidades. Atua como freelancer para diversos veículos nacionais. Tem três fotolivros retratando a Cidade Maravilhosa.