por Carlos Monteiro___
Horas tantas, como sempre dizia meu querido Carlos Leonam, com todos já para lá de Marrakesh, Sumatra, Calcutá ou ali na esquina, Penélope Charmosa e Gato Félix, pedindo a palavra, num discurso emocionadamente abalado, apoteoticamente inflamado (fica a dica), declamariam, proferindo lindas palavras: “Senhoras e senhores!”: Carlos Monteiro, tenho certeza, compareceu, aqui, pessoalmente contra vontade.
Juntamente com suas câmeras fotográficas, objetivas, lentes, tripés e notebook, nunca exigiu monopólio exclusivo das “Alvoradas Cariocas”, nunca ganhou nada grátis – todos os prêmios foram pelo mérito da excelência e da competência, a não ser este velório, de primeira linha.
Nunca teve qualquer preconceito intolerante. Suas criações eram sempre novas por quaisquer país do mundo que passasse. Sempre soube dividir, em duas metades, do mesmo tamanho e iguais, seu coração com os amigos, quiçá com os inimigos. Anexou junto sua história como jornalista, publicitário e, principalmente, fotógrafo.
Ruy e Helô leriam trechos de “Carnaval no Fogo” e "A noite dos olhos”, respectivamente na devida ordem aqui posta. Seriam aplaudidos de pé pelas mãos de todos juntos em conjunto uníssono!
O professor Pasquale, enunciaria várias composições, compostas por vários autores como ‘auxílio luxuoso’ às foto-crônicas. Prosseguiria com: “Praxes acadêmicas?, Pleonasmos?, Vícios literários?, Vícios de linguagem?, Perissologia?, Redundância?, Repetição desnecessária?, Tautologia?, Perífrase?, Circunlóquio?, Rodeio?, Circunlocução?, Verborragia?, Logorreia?...” em conclusão final ao seu discurso: “Caríssimos; todas junta afogaram nosso querido amigo”!
Uma goteira no teto incansável na arte dos cliques da fotografia, vá em frete adiante, desligue o elo de ligação, vá na luz brilhante, vá no Sol Astro-Rei!
No epitáfio estaria escrito, impresso, cinzelado à cinzel na pedra: “Aqui jaz Carlos Monteiro; morreu sufocado por pleonasmos; descanse na concórdia da paz!”
Carlos Monteiro é fotógrafo, cronista e publicitário desde 1975, tendo trabalhado em alguns dos principais veículos nacionais. Atualmente escreve ‘Fotocrônicas’, misto de ensaio fotográfico e crônicas do cotidiano e vem realizando resenhas fotográficas do efêmero das cidades. Atua como freelancer para diversos veículos nacionais. Tem três fotolivros retratando a Cidade Maravilhosa.