por Mirada__
Interessante pensar que a justiça e a vingança são irmãs de criação. (Trecho da pág. 71)
O escritor mineiro Breno Ribeiro lança seu mais novo romance, “Cicatriz” (112 págs.), publicado pela Caravana Editorial, onde explora questões profundas de justiça, vingança e culpa. A obra acompanha a trajetória de duas famílias de contextos socioeconômicos distintos: uma de classe média alta, composta por Júlia e Humberto e seus filhos Ana Lúcia e Pedro, e outra da periferia, com Pietro e Fabiana, que enfrentam dificuldades para pagar o tratamento da mãe de Pietro.
No núcleo de classe alta, a família vive desentendimentos marcados por divergências sociopolíticas. Humberto, um homem de extrema-direita, não aceita a orientação sexual da filha lésbica, Ana Lúcia, enquanto o filho Pedro, recém-ingressado na universidade, se torna o foco das atenções do casal. Já na periferia, Pietro, ao enfrentar a doença da mãe, recorre a pequenos crimes para arcar com os custos dos medicamentos e da internação, mergulhando a trama em dilemas éticos profundos.
Em “Cicatriz”, Breno Ribeiro constrói um panorama complexo do sistema judiciário brasileiro, onde a justiça nem sempre significa reparação e a prisão não apaga os sentimentos de vingança. Segundo o autor, sua inspiração para o livro surgiu de uma reflexão sobre o conceito de justiça restaurativa e a dificuldade de perdoar diante de crimes graves, revelando as tensões entre a culpa e o perdão.
Atualmente vivendo no Rio de Janeiro, Breno Ribeiro é formado em Letras e mestre em Estudos da Linguagem. Em seu segundo romance, ele revela um amadurecimento literário em relação à sua obra de estreia, “O Príncipe de Hugo Porto”, lançado digitalmente em 2021. Influenciado por autores clássicos como Machado de Assis e por escritores contemporâneos, como Andrea Del Fuego e Jeferson Tenório, Breno se aprofunda nas tensões urbanas e sociais, trazendo novos ares à literatura nacional. Já pensando em seu próximo projeto, o autor planeja o livro "Limbo", que explorará a complexidade de um casal que se separa, mas precisa continuar convivendo no mesmo espaço.