por Mirada__
Orixás para crianças: contemplado pelo ProAC/SP, “O catador de histórias”, de Edmar Neves, adapta narrativas afro-brasileiras para público infantil
Além de ajudar na preservação e transmissão da memória afro-brasileira, o livro, publicado pela editora Jandaíra, vai além do contexto religioso e apresenta importantes lições para crianças; obra será comercializada durante a Flip 2024, na Casa Poéticas Negras e tem lançamento marcado em Mogi Guaçu, no interior paulista
O livro infantil “O catador de histórias”, de Edmar Neves (@edmarnevess), adaptado para o público infantil a partir de narrativas afro-brasileiras conhecidas como Itans, foi contemplado pelo ProAC/SP e publicado pela Editora Jandaíra (@editorajandaira). A obra, composta por 64 páginas e ilustrada pelo quadrinista Afa Vasquez (@afa_vasquez), vai além do contexto religioso ao abordar valores fundamentais como escuta, alteridade, respeito e confiança. Edmar Neves, que também é pesquisador e professor, reuniu três importantes Itans associados aos Orixás, com o objetivo de transmitir elementos da cultura afro-brasileira para crianças de forma didática e acessível. Além do texto principal, o livro inclui glossário e referências bibliográficas para ajudar tanto os leitores quanto os mediadores de leitura a compreender melhor o universo cultural e religioso tratado na obra.
O livro será comercializado durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip 2024), na Casa Poéticas Negras, entre 9 e 13 de outubro. O lançamento oficial acontece no dia 10 de outubro, em Mogi Guaçu, interior de São Paulo, onde o autor reside. Edmar também participará de uma palestra na Biblioteca Municipal “João XXIII”, intitulada "Comunidades tradicionais e memória afro-brasileira: reflexões para pensar nossa história", na qual falará sobre o processo de escrita do livro.
Segundo o autor, seu interesse em adaptar narrativas afro-brasileiras para o público infantil surgiu da percepção de que a maioria das obras sobre os Orixás limitava-se ao aspecto religioso. Ele acredita que, além da religiosidade, essas narrativas oferecem ensinamentos que podem ser aplicados a outras esferas da vida, como a importância de ouvir, confiar e não julgar. Edmar também aponta que a visão africana, especialmente a banto-iorubá, não faz uma distinção maniqueísta entre bem e mal, mas reconhece que os elementos da existência possuem tanto aspectos positivos quanto negativos.
O livro é dedicado ao sobrinho do autor, Pedro, e surgiu de seu desejo de compartilhar com o menino um pouco da cultura e espiritualidade que Edmar descobriu ao iniciar-se no culto a Oxóssi, no candomblé de nação Ketu. O autor conta que a ideia de escrever o livro veio quando buscava materiais para apresentar sua fé e cultura ao sobrinho, e acabou decidindo criar sua própria obra.
O processo de escrita do livro exigiu muita pesquisa e significou para Edmar uma etapa de autoafirmação como escritor. As ilustrações, desenvolvidas em colaboração com Afa Vasquez, foram cuidadosamente planejadas para complementar a narrativa, incorporando detalhes que remetem a outros Itans e ao relacionamento entre os Orixás. O autor reforça que o livro não apenas celebra a cultura afro-brasileira, mas também se insere na luta pela preservação dessas tradições em um país onde a população negra enfrenta hostilidades e desafios constantes.
Edmar, natural de Mogi Mirim e radicado em Mogi Guaçu, é licenciado em Letras, mestre e doutorando em Teoria e História Literária pela Unicamp, além de atuar como professor, pesquisador e produtor cultural. “O catador de histórias” é sua estreia literária, e ele destaca Plínio Marcos como uma grande influência em sua trajetória como escritor, além de mencionar nomes como Reginaldo Prandi, José Beniste e Mãe Beata de Yemonjá. No entanto, ele ressalta que a principal inspiração para o livro veio dos ensinamentos transmitidos pelos mais velhos em seu terreiro, que o orientaram sobre os Itans e sua sabedoria ancestral.
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