por Mirada__
Este livro não é um documento acadêmico, é o olhar de uma mulher em meio à sua própria jornada que se confunde com as de outras mulheres. É uma mistura de relatos pessoais e históricos, de devaneios e desabafos junto a manifestos e lufadas de esperança por um outro modo de viver. Trecho da obra
A psicanalista e socióloga carioca Ingrid Gerolimich lança seu primeiro livro, “Para revolucionar o amor: a crise do amor romântico e o poder da amizade entre as mulheres”, em 08 de novembro, às 19h, na Livraria Travessa Botafogo, Rio de Janeiro. O evento será gratuito e marca a chegada de uma obra que questiona uma sociedade que mantém as mulheres em uma posição de subordinação e insatisfação, principalmente nas relações afetivas.
O livro é uma ampliação de um artigo publicado na revista TPM, onde Ingrid entrelaça relatos pessoais e históricos com reflexões sobre o impacto do amor romântico na vida das mulheres. Ela recorre a pensadores como bell hooks, Hannah Arendt e Audre Lorde para abordar o mal-estar que permeia a vivência feminina, apontando a amizade entre mulheres como um caminho revolucionário para romper com essas amarras sociais.
Segundo Ingrid, o amor romântico foi historicamente moldado para domesticar as ambições femininas, fazendo as mulheres acreditarem que sua realização pessoal está vinculada ao sucesso amoroso. No entanto, essa estrutura, frequentemente patriarcal, acaba levando à frustração e ao adoecimento emocional das mulheres. “A amizade feminina é a revolução”, afirma a autora, que sugere que as relações de amizade entre mulheres podem ser uma força poderosa para desestabilizar as normas de gênero e descolonizar a experiência feminina.
O lançamento do livro se conecta com o curso oferecido por Ingrid na Casa do Saber, intitulado “Por uma revolução afetiva: A crise do amor romântico e o poder da amizade feminina”, que explora, em seis aulas, as construções sociais do amor romântico e seu impacto na subjetividade feminina, propondo uma reimaginação das relações afetivas.
Ingrid Gerolimich, além de sua formação em psicanálise, é mestre em Políticas Públicas pela UFRJ e documentarista. Em 2023, apresentou a série Brasil no Divã no canal de Carta Capital no YouTube, onde discutiu questões contemporâneas ao lado de figuras como Frei Betto e Mario Sergio Cortella. Ela também dirigiu dois filmes, Revolução dos Afetos e Explante, sendo este último um documentário sobre as implicações da pressão estética nas mulheres.
O convite para transformar suas reflexões sobre o amor romântico em um livro veio da editora Claraboia, a partir do interesse despertado pelo artigo na TPM. Para Ingrid, a obra é uma extensão de sua própria jornada e uma oportunidade de explorar um tema estratégico para as lutas femininas.
Trecho do livro
“(…) o fato é que a relação das mulheres com a natureza, a fertilidade e o poder da criação, despertavam o medo dos homens diante de algo que lhes parecia fora do controle mundano, que era a maneira com que elas se relacionavam com os mistérios da mãe-terra. A “caça às bruxas” representava então a batalha entre o masculino, que exerce o poder através da dominação, e, o feminino, representando a força cósmica e misteriosa da fertilidade e da criação, mas não foi bem isso que ficou registrado nos anais da história.
A demonização da mulher é um projeto que nasce com o patriarcado e segue acontecendo de diferentes maneiras ao longo de todos os anos que se sucedem, gerando consequências psíquicas nas mais diferentes gerações de mulheres que nascem a partir daí”
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