por Sara Klust__
Foto de Jr Korpa na Unsplash |
Sempre gostei de revistas. Há alguns anos, carregava um exemplar dentro da bolsa: lia na sala de espera do consultório médico, no dentista, no café ou bistrô, enquanto aguardava alguma amiga para o bate-papo, ou no trabalho, durante a pausa do almoço. Apesar de minha preferência pelos livros, achava as revistas ideais para esses momentos, quando podia simplesmente folheá-las sem precisar estar muito concentrada. Talvez pelo fato de as ler nesses contextos, nunca havia percebido de fato o teor do conteúdo.
Mas dessa vez foi diferente. Já o sumário estava longe de atender às minhas expectativas: ali tive a impressão que os interesses das mulheres, ao menos das supostas leitoras da revista, se resumem a qual corte de cabelo está atualmente na moda, qual roupa vestir no outono/inverno, ou o quão atraente ela precisa ser para atrair um parceiro.
Claro, as mulheres, mesmo aquelas de mesma faixa etária, têm interesses distintos. No entanto, acho preocupante quando o foco de uma revista feminina se restringe a aspectos superficiais, como beleza, moda e conquistas amorosas, sem considerar as experiências e desafios que as mulheres modernas enfrentam no dia a dia. Gosto, sobretudo, quando os meios de comunicação promovem discussões sobre temas que nos empodera, como carreira profissional, independência financeira, independência emocional, autoconhecimento, política, direitos.
Ao retornar para minha mesa de escrita, refleti por um momento se a revista seria tão ruim, ou se sempre foi assim e eu nunca percebi. Peguei o exemplar novamente, recomecei a folhear, desta vez de trás para a frente. Afinal, por que ser tão inflexível?
Não. Eu me arrependo dos quatro euros jogados fora: não tenho mais paciência para coisas do tipo “as sobrancelhas finas estão de volta!”