por Davison Souza__
Foto de Mélodie Descoubes na Unsplash |
LETRAMENTO RACIAL
Em casa, chamam-me moreninho
Positiva(mente)
Eu?
Nã sei que cor é essa
Não a encontro na caixa de lápis
Olho-me no espelho
Ali, vejo apenas eu mesmo
Com cabelos pretos ondulados
Pele da cor da noite
E um sorriso contagiante
Na escola, chamaram-me negro
Negativamente
Mente
Eu?
Que sempre fui chamado de moreninho por minha avó
Olho-me no espelho
Ali, não me vejo
Vejo narciso
Um querer ser branco
Mas não me vejo
Afinal, qual a cor dos que como eu
Sofrem?
Ainda não sei
Na faculdade, eu me chamo de negro
Afirmo
positivamente
Não mente
eu? sim
Olho-me no espelho
Alí, vejo Yemanjá e Oxum
Me vejo
Negro
Afinal, qual a cor dos que como eu
Sorriem
Só riem
Eu sei…
Afinal, o sorriso largo da infância
É negro
Negro é a sua pele
Negro é
Filho do seu José e da dona Maria, me chamo Davison da Silva Souza, mais Silva, da periferia de Fortaleza. Educando do Mestrado Acadêmico Intecampi em Educação e Ensino (Maie-Uece), professor-alfabetizador da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza e Bolsista de fomento a pesquisa da Funcap.