por Duarte N. Nóbrega ___
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Foto de Jr Korpa na Unsplash |
Neo-Dada — Um Manifesto para votarem em… ou viverem por! (Um novo manifesto sobre Dadaísmo)
Tudo é Dada, como o vazio também é Dada. Assim como Hugo Ball uma vez afirmou, ninguém sabe realmente o seu signifado, mas aquele que ainda desconhece dançará mais logo no Cabaret Voltaire. Apena o parafraseando. De forma a não gerar mais confusão, “vamos dar numa” de Uncle Sam e o seu famoso, talvez infame, poster do I Want You. Eu Quero que vocês votem na Kamala! Eu Quero que vocês votem no Trump! Eu quero que vocês vivem por Dada, por nada e por Prada. Sejam ricos e sejam pobres! Gritem por mudança ou apenas por felicidade. Implacavelmente, como sempre, Tristan Tzara afirmou que Dada é uma chance, é colisão, é o mundo se desmoronando. Vamos lá então misturar o Dadaísmo de Paris, o menos político-centrista, com o seu antónimo de Zurique para que possamos ser alegres enquanto choramos.
Caso a heroína não bastasse, inventaram fentanil para que as pessoas que vivem em trincheiras possam desabafar aos seus “cabeceamentos opiáceos” os seus problemas e esperanças de obterem uma nova tenda. Como Gertrud Günther, a sacerdotisa da morfina, ficaria desapontada connosco. Para vossa informação, o “problema” citado em supra é Neo-Dada. Por falar em desapontamento, Hans Richter definitivamente falaria pejorativamente sobre mim a Marcel Duchamp por usar “Neo-Dada”. Pelo que vale é que não estamos aqui para celebrar o urinol de Marcel e muito menos a hipocrisia de Richter, mas sim celebrar Dada.
Dada é trabalhar arduamente para abrir as fronteiras aos criminosos e às suas prevaricações, Dada é trabalhar afincadamente para fechá-las àqueles que tanto sonham com uma vida melhor respeitando leis exóticas. Não culpem Dada, porque Dada é simplesmente uma opinião da qual vossas têm medo de partilhar ou mesmo mal esperam por espalhar. Dada leva a melhor de todos, Dada leva a melhor de ninguém.
Dada é inflação, Dada é a iminente recessão, Dada é biliões em dívida, Dada é seguir os conselhos sobre poupança daqueles que desabafam sobre o quão ridículo é a quantidade de dinheiro que imprimem. Neo-Dada é remar contra esta maré financeira ao investir em cripto moedas, Neo-Dada é a esperança, Neo-Dada é saber que não haverá nenhuma nova bitcoin e mesmo assim fazê-lo. É ver o soprar de saxofones nas estações de metro sonhando por mudança e não por dinheiro.
Neo-Dada é o realismo social outra vez. Os bons Samaritanos da guerra doando dinheiro a terras estrangeiras enquanto bombardeiam a carteira e estômagos dos transeuntes, isto também é Dada. Dada é Rodchenko ficando orgulhoso e desgostoso por isto.
Dada são greves, Dada é o despertador que toca no mais inoportuno dos momentos, Dada é aquele Domingo chuvoso que cheira a livro novo, Dada é aquela sexta-feira sem dinheiro na carteira.
Penso que Tristan Tzara ficaria radiante ao saber da nova Dada, e Ball prepararia festas ainda mais grandiosas em Zurique de forma a esquecer o que Tristan faria questão de lhe relembrar a cerca das coisas merdosas que estão a acontecer agora nesta época.
Pergunto-me se Burroughs fosse um homem sóbrio, se Kerouac não bebesse tanto e se Ginsberg não se tivesse tornado tão obsceno se Dada continuaria viva, mas agora divago.
Seja como for, miríades de pessoas continuarão alheias à definição de Dada, no entanto, muitos dançaram e alguns choraram neste cabaret a que gostamos de chamar de Democracia.
Para concluir, “Dada m'dada, dada m'dada dada mhm, dada dere dada”, viva a Hugo Ball e a todo o circo que tinha como compinchas!