por Manoel Tavares Rodrigues-Leal_
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“E eu vou buscar ao ópio que consóla
Um Oriente ao oriente do Oriente.”
Álvaro de Campos, “Opiário”
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tu, de ti me despeço descalço em as areias de deserto.
já nem grito se ouve e em nuas areias me deserto.
anjo me decifra e em a alquimia dos instantes desperto, me despeço.
lx. 8-9-76 – caderno sem título
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noites ausentes,
de alheio álcool:
de ventre de loucura, vento imóvel.
tempo registado com rigor,
recortado em harpas álgidas.
noite intacta (táctil?),
como a antiga geometria de arquitectura
e aventura (ave?).
exílio em brilhos isentos de algarismos árabes,
coração aceso de coisas efémeras, e sua sede e usura.
Lx. 20-1-66 | 19-10-75 – (para Isabel) – inédito – caderno Ensaio de Ausência
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relevos a oiro e prata, altos laivos de melancolia, que riqueza!...
uma alva, pequenina praia, a de úbere alma…
e um sussurro perpassa em as sombras de um jardim secular.
e esse corpo noctívago, sonâmbulo, sexos de ânsias a desejar.
e a juventude, essência de beleza, essa em as ásias fulgiu e morreu de tristeza…
Lx. 16-7-76 – inédito – caderno Teorema (Homenagem a Pier Paolo Pasolini)
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“um raro oriente que brilha, sono de mim-mesmo” (M. T. R.-Leal)
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há um vago oriente a oiro em cada meu momento, que afinal é teu…
a madrugada tange seus instrumentos mortais. o que me perde, o que me perdeu
é não ser neutro perante nada, mas vasto imóvel mar de amor meu.
irmãos de meus irmãos e da irrecusável unidade, me sinto ninguém que há muito morreu.
Lx. 16-7-76 – inédito – caderno Teorema (Homenagem a Pier Paolo Pasolini)
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tão separado do mundo, tão só, tão saturado,
que nem consinto a imagem de um jardim consumido
em alvas alvoradas tão cativas, em o sangue dos poentes,
e em sua heráldica folhagem que sussurra segredos infindos,
habitado por puro olvido e que jaz em a sedução de orientes.
Lx. 20-7-76 – inédito – caderno Teorema (Homenagem a Pier Paolo Pasolini)
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aqui me deslumbro
face aos espelhos impossíveis,
e me perfumo…
Lx. … 6-77 – inédito – caderno A Secreta Primavera
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Manuscrito do segundo poema – “noites ausentes, / de alheio álcool […]”
“quanto, supremo, te quis é deserto, nulo pensamento,
que pensa, repensa e apensa pequenas coisas e o som de seda dum alaúde…”
(dois versos de um extenso poema inédito – Lx. 30-8-76 – caderno sem título)
“Um Raro Oriente” – poemas de M. T. R.-Leal na revista Caliban
https://revistacaliban.net/um-raro-oriente-5-poemas-in%C3%A9ditos-de-manoel-t-r-leal-2cc5e111aaae
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* Seis poemas, cinco inéditos, coligidos de quatro cadernos por Luís de Barreiros Tavares