Glória aos Heróis: Literatura, Direitos Humanos e os Ecos da Guerra na Ucrânia

 por Taciana Oliveira__



Maurício Ribas transporta os leitores para os horrores e dilemas dos combates em Glória aos Heróis — Um romance em meio à guerra da Ucrânia (Editora Ipê das Letras). Inspirado por sua vivência de cinco anos na região, o autor mescla ficção e realidade ao contar a história de André Katyuk Richter, um brasileiro que abandona a carreira militar, se muda para a Estônia e se apaixona por Maaria Saar, uma ativista de Direitos Humanos. Quando a guerra eclode, ele enfrenta o dilema entre ficar ao lado de seu grande amor ou partir como voluntário para lutar na Ucrânia.

Com uma narrativa intensa e realista, o romance explora os impactos da guerra, a luta por ideais e os sacrifícios que se fazem em nome do dever e da humanidade.

Confira nossa entrevista com Maurício Ribas:

1. Maurício, o que o inspirou a escrever um romance com o pano de fundo da Guerra da Ucrânia?

A Guerra da Ucrânia me impactou profundamente, assim como a todo o mundo civilizado. As novas tecnologias que nos permitem acompanhar a crueza dos combates quase em tempo real e a cobertura da imprensa e de blogs especializados trouxeram para dentro de nossas casas a realidade do conflito. Eu, desde o início, fiquei bastante sensibilizado com o sofrimento do povo ucraniano e não poderia deixar de escrever a respeito, por isso o romance tendo como pano de fundo a invasão russa à Ucrânia. Nele exponho o que há de mais terrível que são os crimes de guerra cometidos pela federação russa e a triste perda de vidas humanas.

2. De que maneira sua experiência de 5 anos na região do conflito influenciou na criação da história e dos personagens de “Glória aos Heróis”?

Poderia afirmar com certeza que a minha experiência na região foi decisiva. Vivi 5 anos na Estônia e viajei muito pelos países bálticos e Polônia, Alemanha, etc. A Estônia tem um trauma muito grande do período de ocupação, assim como os demais países bálticos e os que foram parte da Cortina de Ferro, ocupados pela URSS, que hoje é a federação russa. Além do mais estudei na Escola de Diplomacia da Estônia e debati todas essas questões históricas da ocupação. A Ucrânia também fazia parte da União Soviética e foram impiedosamente ocupados, perderam mais de 2.000.000 de ucranianos durante o Holodomor, quando Stalin retirou todo o alimento da Ucrânia e deixou os ucranianos morrendo de fome. Meus personagens tiveram familiares que morreram durante este período de ocupação e por isso têm uma carga emocional muito grande e o desejo de ajudar a expulsar o ocupante russo.

3. O que você deseja que os leitores levem consigo após a leitura de “Glória aos Heróis”?

Como já foi dito, Glória aos Heróis é uma ode à paz. Eu gostaria que os meus leitores levassem consigo essa mensagem de paz, de amor, de sacrifício em prol do bem comum e de não à guerra e à violência. Uma mensagem também de justiça e de honra, bandeiras as quais todos devemos ostentar haja o que houver.

4. Como você equilibra seu ativismo pelos Direitos Humanos e contra armas nucleares com sua carreira de escritor e advogado?

Essa pergunta é muito importante. Como escritor e advogado tenho buscado passar essa mensagem importante de que todos somos responsáveis direta ou indiretamente pelo que acontece no mundo e não há nada mais importante que a luta pelos direitos do ser humano e pelo respeito à dignidade da pessoa humana. A luta contra as armas nucleares e sua proliferação é uma luta diretamente voltada à continuidade da nossa espécie e do nosso planeta, nunca estivemos tão perto de um conflito nuclear como agora. Portanto, afirmo com toda certeza que mais que conciliar as carreiras com o ativismo é a atitude de colocar a carreira de escritor e a de advogado a serviço destas bandeiras.

5. Quais são seus planos como escritor? Você pretende continuar explorando temas sociais e políticos em suas obras?

Como disse anteriormente, eu coloco humildemente a minha carreira de escritor a serviço dos Direitos Humanos e das mais relevantes questões sociais do momento, num confronto permanente contra a violência, a miséria e toda forma de exploração e injustiças que hoje são perpetradas em todo o nosso planeta. Além, é claro, das questões ambientais, como o aquecimento global. A literatura é um instrumento libertário e eu farei uso permanente dele enquanto viver. Estou escrevendo um novo livro que tem como título de trabalho o nome de Izaac e Ismael, que contará a história de 4 gerações de palestinos e judeus vivendo na Palestina até o momento do ataque do Hamas a Israel e o desenrolar de todo o conflito atual. Vai ser um livro focado na questão histórica e, na verdade, sem qualquer revés ideológico, mas que vai abordar toda a dor e sofrimento de dois povos irmãos, filhos do mesmo pai Abraão, por isso o nome Izaac e Ismael.


O autor nasceu em Curitiba, Paraná, onde vive atualmente. Escritor, político, advogado, professor de Direito, cursou a Escola de Diplomacia da Estônia (Estonian School of Diplomacy), país onde viveu por cinco anos. Membro da Anistia Internacional e do ICAN (INTERNATIONAL CAMPAIGN TO ABOLISH NUCLEAR WEAPONS) defende os Direitos Humanos, combate a proliferação de armas nucleares e luta pela sua abolição.


Serviço


Livro: Glória aos Heróis — Um romance em meio à guerra da Ucrânia

Autor: Maurício Ribas

Editora: Ipê das Letras

Categoria: Romance / Romance de guerra

Disponível em e-book e no site da editora: https://www.livrariaipedasletras.com/

Em breve será lançado em Portugal.