por Mirada__
Obra publicada pela Garoupa Editora reflete sobre perda, saudade e identidade; lançamento acontece no dia 20 de fevereiro, em São Paulo
A escritora catarinense Maia Melo estreia na poesia com As Filhas das Mães que Morrem, publicado pela Garoupa Editora. Com uma escrita intensa e sem amarras, o livro nasce da experiência do luto e se torna uma imersão em temas como identidade, medo e a busca por sentido após a perda. O lançamento oficial acontece no dia 20 de fevereiro, às 20h, no Sacrilégio Bar, em São Paulo.
Escrever como forma de sobrevivência
A obra surgiu como um refúgio no momento mais doloroso da autora: a morte de sua mãe. “Comecei a escrever ainda no hospital”, conta Maia. “No início, era uma tentativa de expressar a dor inominável da perda. Anos depois, percebi que esses textos poderiam se transformar em um livro.”
Escrito ao longo de seis anos, o livro expõe de forma crua e sensível o vazio deixado pela ausência, explorando as inquietações que emergem após uma perda tão significativa. “O que importa de fato? O que é realmente possível fazer com o que sobrou de mim?”, questiona a autora.
Além do luto, a obra dialoga com a saudade e a necessidade de reconstrução. Maia compartilha sua experiência de quem viu sua identidade se fragmentar e precisou, gradualmente, reunir os cacos para seguir em frente. “Com versos livres e intensos, não busco respostas definitivas, mas sim abraçar quem, em algum momento da vida, também se viu diante da ausência de quem ama”, afirma.
Uma travessia emocional e transformadora
A escrita de As Filhas das Mães que Morrem transformou a autora, tanto pelo ato de registrar sua dor quanto pela revisitação dos momentos mais difíceis de sua trajetória. “Publicar esta obra simboliza para mim o fechamento de um ciclo — não do luto em si, porque ele não tem um prazo para acabar —, mas de uma compreensão antes limitada sobre a morte”, explica.
O prefácio do livro, assinado pela escritora e historiadora Eloísa Aragão, ressalta a profundidade da travessia emocional proposta pela autora. “O convite ao leitor é para escutar atentamente as palavras de quem atravessa um túnel longo em busca de luz, sem ter ideia de que a realidade subjetiva se integra à esperança que nela se deposita”, escreve Aragão.
Uma trajetória de busca e transformação
Natural de Criciúma (SC), Maia Melo transita entre seu estado natal e o Rio Grande do Norte. Sua relação com a escrita se intensificou após outra perda significativa: a morte de seu pai, exatamente dois anos depois da mãe. Foi esse episódio que a levou a encerrar uma carreira de mais de dez anos na moda para se dedicar ao estudo da espiritualidade, do autoconhecimento e da literatura.
Maia viajou por cinco países, incluindo Índia, Vietnã e Nepal, experiências que mudaram sua percepção sobre vida e morte. Pós-graduada pela PUC em Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness, ela vê na busca por um sentido mais profundo da existência um de seus principais interesses.
As Filhas das Mães que Morrem não é apenas um relato pessoal, mas um convite ao acolhimento. A obra transforma a dor em poesia e oferece ao leitor um espaço para reconhecer sua própria travessia pelo luto.
AGENDA
O quê: Lançamento do livro "As Filhas das Mães que Morrem", de Maia Melo
Quando: 20 de fevereiro, às 20h
Onde: Sacrilégio Bar | Avenida Pedroso de Morais, 52, Pinheiros, São Paulo
Entrada gratuita
Confira um poema de “As Filhas das Mães que Morrem”:
fui jogando terra por cima das feridas
tentando cobri-las
porque vê-las abertas me doía mais
mas feridas não curam com areia.
— feridas curam?
Garanta “As Filhas das Mães que Morrem” no site da Editora Garoupa
https://www.garoupaeditora.
com.br/as-filhas-das-maes-que- morrem/p