Rosita: Amor, Rebeldia e os Bastidores das Fazendas de Café no Brasil

 por Taciana Oliveira__



O escritor e advogado Antônio Cândido celebra o sucesso de seu mais recente livro, Rosita, uma saga familiar ambientada nas fazendas de café do Brasil entre o século XIX e o início do século XX. A obra acompanha a trajetória de uma jovem que desafia um casamento arranjado, provocando uma série de acontecimentos que impactam profundamente sua vida e a de todos ao seu redor. A narrativa, além de apresentar uma protagonista à frente de seu tempo, se aprofunda em questões sociais e históricas, como a luta pela abolição da escravidão, as transformações econômicas e políticas da época e a ascensão e queda das regiões cafeeiras no país. Com uma escrita detalhista e nostálgica, Antônio Cândido transporta o leitor para um período marcante da história brasileira, destacando personagens, desde poderosos barões do café até trabalhadores e comerciantes que moldaram São Paulo.

Abaixo segue uma entrevista com o autor.

1. O que o inspirou a escrever um romance histórico ambientado nas fazendas de café do Brasil do século XIX e XX?

Quando era criança meu pai me levava, durante as férias escolares, para viajar com ele pelo interior do Estado de São Paulo, visitando fazendas de café. Era o trabalho dele.       

2. A personagem Rosita desafia as normas sociais da época ao rejeitar um casamento arranjado. Como essa decisão molda a narrativa e quais temas ela explora?

A narrativa tem como eixo central justamente a rebeldia da Rosita se negando em aceitar um casamento arranjado por seus pais. Por outro lado, o pseudo pretendente, também não queria o casamento. Aliás, não queria nenhum casamento, muito menos com Rosita, que praticamente era uma desconhecida para ele.

3. Como sua experiência como advogado e produtor rural influenciou sua representação das complexidades da vida nas fazendas de café e das relações entre os personagens?

Desde pequeno a cultura do café, começando com o plantio até a comercialização, passando pelos tratos culturais, colheita, seleção dos grãos, foi marcante na minha infância e começo da juventude. Envolver estes temas em um romance, como pano de fundo, foi um desejo que esteve presente por muitos anos e agora, finalmente, terminei o livro.  

4. A obra aborda temas como a escravidão e a ascensão e queda da produção de café. Por que você escolheu incorporar esses elementos históricos à trama?

Incorporar esses elementos históricos ao tema central da obra foi uma ideia que surgiu naturalmente. Nas visitas que fiz às fazendas de café tive contato com alguns ex-escravos que embora libertos continuavam trabalhando nas propriedades rurais. 

5. Qual a mensagem que você espera transmitir aos leitores com a história de Rosita e sua busca interior em meio a um período de transformação no Brasil?

Procurei transmitir, neste romance, o que ouvi daqueles que conheceram de uma forma ou de outra as etapas que envolveram a escravidão no Brasil. Os personagens principais, Rosita e Antônio tem uma opinião firme sobre este tema.


Antônio Cândido é advogado e escritor, natural de São Paulo. Atua na capital e no interior do estado, com formação em Direito pela Universidade Mackenzie e especialização em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi professor de Direito Civil — Direito das Obrigações na FMU e tem uma vasta produção acadêmica, sendo autor e coautor de diversas obras jurídicas, além de duas biografias. Além da carreira jurídica, Cândido também é produtor rural, o que lhe proporcionou uma vivência direta com o universo cafeeiro. Essa experiência lhe permitiu retratar com autenticidade os desafios e transformações das fazendas de café no Brasil dos séculos XIX e XX em Rosita. Ao longo dos anos, publicou artigos em jornais de grande circulação, consolidando sua trajetória como um observador atento da sociedade e da história brasileira.


Serviço

Livro Rosita — A filha de um barão do café e um amor improvável 

210 páginas 

Locais para a compra do livro : Amazon/Livraria da Vila/site da editora Mizuno 



Taciana Oliveira — Natural de Recife–PE, Bacharel em Comunicação Social (Rádio e TV) com Pós-Graduação em Cinema e Linguagem Audiovisual. Roteirista, atua em direção e produção cinematográfica, criadora das revistas digitais Laudelinas e Mirada, e do Selo Editorial Mirada. Dirigiu o documentário “Clarice Lispector — A Descoberta do Mundo” Publicou Coisa Perdida (Mirada, 2023) livro de poemas.