por Leo Barth__
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Jr. Korpa |
Inferno — meio caminho para chegar ao trabalho às 8. O cheiro enjoado do metrô empilhado de trabalhadores. Sentado, por milagre do destino, vejo uma jovem passar, deveria ter uns 16 anos, chuto. Uma mochila com brasão falsificado do UFC e uma leg azul que me chama atenção: Leminski Team Brazilian Jiu Jitsu. De onde saiu aquele nome? Admiração poética ou fatalidade de algum sobrenome? Lembrei-me dos velhos tempos que treinava e me afastei do tabaco, meus 35k a menos e como tive que parar por falta de tempo: criar 3 filhos enquanto a coroa fica em casa.
Entre um cochilo e outro, um grito, "velho, filho de uma puta!" Alvoroço que me leva o susto. A acusação que um senhor, mais ou menos setentão, passou a mão na jovem — ¿que zorra foi essa? Rapidamente um soco à caixa dos peitos do ancião, e outro e mais outro...um gordo chama uma bomba que pareceu cena de filme Dragão Branco: o cuspe vermelho que manchou a camisa de outra mulher… A jovem, peidada, chora descontroladamente, até entrar no meio da aglomeração e encaixar um mata-leão no velho, que agora imóvel como infante, paralisado sentado. "Liga para polícia" gritou alguém. Mil celulares filmando e duas pessoas fazendo ligação.
Olho para o velho e percebo o sangue escorrendo sobre ausência de dois dentes frontais- fico imobilizado tremendo ao pensar ato desleal de passar a mão em uma garotinha, penso em Laura, minha filha. Deveria pedir para a jovem se levantar e eu segurar a garganta do velho? De repente, percebo que o mesmo, sentado no mata-leão, com uma das mãos tenta tocar os quadris da menina. Explodo.
Corro em direção aos dois e desfiro um chute à cara — ¡pow! A chapa voa. Levanto a menina e peço que se afaste. Agora era eu que encaixava a gravata, ainda de forma suave, e não desejava apagar o frágil sedutor. "¡Eu não fiz nada, não fiz nada!" Lágrimas corriam, lembrei da rara vez que vi meu pai chorar e grande foi a semelhança! Percebi um pacotinho de Trevo no bolso da camisa verde do agressor, deu vontade de tomar ¿Quem era, onde ia e o que fazia da vida? Uma menininha de uns 5 anos, roupa rosa, no canto mostrava atenção a cena- festival de brutalidades. Então me vi naqueles olhos, nos olhos da jiu-jiteira abatida e dos expectadores que embalavam assuntos diversos. As atrações têm seus ápices e passam. Minha estação está próxima, o guarda chega e passo o ofício ao mesmo.
Hora de descer, segundos de silêncio. Onde seria conduzido e o final do desfecho não sei. Trêmulo andava pensando sobre o ocorrido: o mundo era violência, maldade. Estava numa fome da zorra, doido para pegar a coca-cola com coxinha à esquina do trampo.
P.S: senhor editor, mediante encurtamento do texto, favor publicar essa zorra, com fontes grandes para causar maior impressão aos leitores!