por Mirada__
Eduardo Barchiesi lança “Vida Moinho”, um mergulho poético no trágico e cômico da existência
O poeta e engenheiro metalúrgico Eduardo Barchiesi dá continuidade à sua trajetória literária com “Vida Moinho” (106 págs.), uma coletânea de mais de 40 poemas publicada de maneira independente. A obra trabalha a subjetividade humana a partir da intersecção entre o trágico e o cômico, explorando as relações do eu com o Outro em uma perspectiva irônica e reflexiva.
Para o autor, o livro apresenta um drama existencial do Eu poético, que interage de forma tragicômica com um Tu (o próximo) e alguns Eles (os outros) em um contexto cotidiano. Essas interrelações, segundo ele, definem e afetam a construção da subjetividade humana. “O ser humano é um gigante anão, capaz de ações boas e belas, e outras catastróficas”, comenta o poeta, que brinca com essas aparentes contradições ao longo da obra.
A linguagem de “Vida Moinho” é meticulosamente trabalhada. Barchiesi aposta em uma simplicidade estética aparente, que, na verdade, carrega múltiplas camadas de complexidade. Para ele, essa estratégia permite sensibilizar o leitor ao texto poético, tornando a leitura acessível sem perder a profundidade. Cada palavra ocupa seu espaço de forma pensada, criando uma experiência literária que se equilibra entre o comum e o surpreendente.
A poeta Ísis Cunha, em artigo publicado no portal Fazia Poesia, ressalta essa característica ao afirmar: “A poesia de Eduardo encanta pela maturidade estilística em usar tudo que lhe convém — rimas e formas diversas, jogos de palavras, figuras de linguagem, somados a um humor ímpar. Sua obra provoca por sua acidez — ou seriam verdades incômodas? —, por sua maneira pungente de deflagrar tudo que se esconde aos nossos olhos.”
Um percurso literário marcado pela experimentação
Eduardo Barchiesi, de 81 anos, nasceu em São Paulo–SP em 4 de abril de 1944 e atualmente reside em Vinhedo, interior paulista. Engenheiro, mestre e doutor em metalurgia pela Escola Politécnica da USP, também é bacharel em Letras (Português-Latim) pela FFLCH-USP. Exerceu carreira como professor e engenheiro antes de se dedicar integralmente à literatura.
Sua incursão na escrita pública começou em 2004, mas foi em 2008 que passou a se dedicar à poesia, tornando-se integrante da equipe de poetas do Fazia Poesia. Sua estreia literária se deu com o romance Demanda Furibunda (Edições Inteligentes, 2005), seguido por outras treze publicações nos gêneros romance, conto, infantil e poesia. Seu livro mais recente antes de Vida Moinho foi Bestiário da Saúde (Chiado, 2021).
A interação com diversas formas de arte, como pintura e escultura, também influencia seu processo criativo. “Com linhas faz crochês, com palavras faz poemas”, define o autor. Barchiesi vê na literatura modernista uma fonte de inspiração, que molda sua maneira de estruturar versos e ideias. Em suas redes sociais, ele se descreve como um “ser da espécie dita sapiens tentando convencer palavras a se juntar em frases e versos na talvez vã tarefa de dar algum sentido à sua existência”.
Com Vida Moinho, Eduardo Barchiesi reafirma seu talento ao unir o banal ao ácido, transformando experiências cotidianas em poesia refinada e provocativa. A obra promete dialogar com leitores que buscam uma reflexão poética sobre a complexidade da vida humana, seus encontros e desencontros.
Confira o poema Letras fatais (página 46):
“minha literatura
deve ser
coisa
tão
impura
obscura
dura
de engolir
que
até as traças
habitantes aqui do meu escritório
diante de algum dos meus escritos
roem
meticulosamente
os espaços em branco
das folhas de papel
mas
evitam a todo custo
triscar a mínima letra
certamente
com medo
de morrer de indigestão”
Adquira “Vida moinho” diretamente com o autor: @eduardo_barchiesi
FICHA TÉCNICA
Livro: “Vida Moinho”
Autor: Eduardo Barchiesi
Rede social: @eduardo_barchiesi
Número de páginas: 106
Editora: publicação independente
Data de lançamento: 2019
Gênero: poesia
ISBN: 978-85-918429-2-6