por
Lucas
Fernandes___
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Elisa Lispector |
Certamente
ser irmã de Clarice Lispector seria uma honra para qualquer pessoa.
No entanto, ser apenas irmã de alguém não faz justiça a ninguém,
muito menos para uma escritora premiada e reconhecida pela crítica
literária como é o caso de Elisa Lispector (1911-1989).
Seu
primeiro romance, Além
da Fronteira
(1945), apresenta alguns traços marcantes que se mantiveram ao longo
dos mais de 40 anos de carreira: a densidade psicológica dos
personagens, a solidão e a reflexão filosófica existencialista. No
romance autobiográfico No
Exílio (1948), a
escritora narra a viagem de imigração da sua família e os
primeiros anos morando no Brasil. Esse livro é considerado um marco
na literatura judaica no Brasil e já está na terceira edição
(2005). Também foi publicado na França, En
Exil (1987).
Ronda
Solitária (1954),
um de seus melhores romances, antecede sua obra mais conhecida: o
premiado romance O
Muro de Pedras
(1963), pelo qual ela recebeu os prêmios José Lins do Rêgo (1962),
concedido pela Editora José Olympio, e Coelho Neto (1964), da
Academia Brasileira de Letras. O
Dia Mais Longo de Thereza
(1965) é um dos romances mais densos de Elisa. O primeiro livro de
contos, Sangue no
Sol (1970), foi
bastante elogiado pela crítica literária da época. O romance A
Última Porta
(1975) foi reconhecido como uma obra de excepcional caráter
existencialista. O livro de contos Inventário
(1977) reafirma a escritora como contista. O romance Corpo
a Corpo (1983) é
marcado pela profunda melancolia da protagonista. Seu último título
lançado em vida, a coletânea de contos O
Tigre de Bengala
(1985), recebeu o Prêmio Luíza Cláudio de Souza, concedido pelo
Pen Clube do Rio de Janeiro.
Segundo
amigos próximos, Elisa era uma mulher reservada, culta e solitária.
Nunca se casou nem teve filhos, faleceu de câncer em 6 de janeiro de
1989. Ela deixou um vasto acervo pessoal do qual foi possível
publicar o livro póstumo de memórias Retratos
Antigos: Esboços a Serem Ampliados
(2012).
Apesar
de uma carreira relativamente bem sucedida, Elisa e suas obras foram
progressivamente esquecidas. Seus livros nunca foram sucesso de
vendas, mas eram apreciados por intelectuais e por outros escritores.
A ausência de reedições de seus livros é um das principais
dificuldades para que o público tenha acesso a sua obra atualmente.
Muito
mais poderia ser falado sobre Elisa Lispector, cuja morte completa
hoje 30 anos, porém, certamente outras oportunidades virão. Até
lá, ficamos com a leitura de seus livros e sabendo que ela foi muito
mais do que irmã de Clarice Lispector.