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 por Divulgação __



por Mirada/Divulgação__


O "TO na Escuta" é um podcast que traz diálogos sobre o Teatro do Oprimido e seus desdobramentos contemporâneos. Andréa Veruska e Wagner Montenegro, do Núcleo de Experimentações em Teatro do Oprimido (NEXTO), conversam com praticantes do método de diversas realidades e lugares. Nessa primeira temporada, o diálogo foi sobre o trabalho com o Teatro do Oprimido em tempos de pandemia e teve quatro episódios: o primeiro, com Licko Turle sobre o Teatro do Oprimido e Negritude; o segundo, com Bárbara Santos sobre o Teatro das Oprimidas; o terceiro com Dodi Leal sobre a Teatra da Oprimida e o último com Kelly Di Bertolli sobre o Teatro Social dos Afetos. Todos os episódios estão no Deezer, Spotify, Podbean e no site www.nextope.com/podcast


Pensando na dizimadora realidade que enfrentamos no Brasil em meio à pandemia do novo coronavírus e à ineficiência do Estado em garantir a sobrevivência das populações mais vulneráveis, o Núcleo de Experimentações em Teatro do Oprimido (NEXTO), formado por Andréa Veruska e Wagner Montenegro elaborou o projeto Teatro do Oprimido: diálogos em tempos de pandemia com o objetivo de criar programas de podcast que discutam as questões das mulheres, de negros e negras, de pessoas LGBTQIA+ e a saúde mental em tempos de pandemia. Como manter-se vivo nesta crise? Como podemos utilizar das ferramentas metodológicas do Teatro do Oprimido em tempos de distanciamento social? E quando tudo isso acabar, as nossas práticas voltarão a ser como eram antes?



Episódio #01 – TEATRO DO OPRIMIDO E NEGRITUDE

Licko Turle




 

Por Divulgação | Mirada




por Taciana Oliveira___

 Divulgação: NEXTO

    A performance Mulheres que carregam homens dá seus primeiros passos no ano de 2013, a partir da concepção de uma pequisa intitulada Violência de Gênero: Da opressão à transformação social através do diálogo. Desde então o grupo Nexto - Núcleo em Experimentações do Teatro do Oprimido, formado pelos atores Andréa Veruska e Wagner Montenegro, se debruça sobre o tema através da elaboração de oficinas e realização de espetáculos. Em 2016 o projeto Do gênero performativo às performatividades de gênero no Teatro de Rua, é aprovado no Edital do Funcultura - PE. O objetivo dessa nova pesquisa é a promoção do diálogo entre as pessoas e o espaço urbano. Espaço esse que não está acostumado a debater questões sobre a violência de gênero.
    Mulheres que carregam homens é um dos dispositivos gestados dentro desse projeto. As principais referências para concepção dessa performance habita no conceito de performatividade de gênero, apresentado por Judith Butler e na narrativa mais do que necessária da obra Teoria King Kong de Virginie DespentesA performance conta com a participação de atores em espaços públicos, oferecendo assim oportunidade para se conhecer outras formas de atuação teatral. Mulheres que carregam homens é muito mais que uma metáfora, é a constatação que a arte não se afasta do cotidiano. Uma performance provocativa, um espelho para quem assiste e muita vezes não se dá conta que reproduz o que condena.  Conversando com a atriz e uma das idealizadoras do projeto, Andréa Veruska, ela comenta que a reação do público feminino, em algumas das apresentações, é de surpresa ao se deparar com a suposta inversão da “lógica”: homens é que carregam mulheres. Esse mesmo público se questiona, se revolta ou se reconhece na performance. Expressam descontentamento ao enxergar na dramatização o papel designado para mulher na sociedade. A resposta de parte do público masculino já é diferente. Quando convidados para atuar no dispositivo, manifestam naturalmente um comportamento agressivo e machista.
    Mulheres que carregam homens, como quase toda intervenção performática, é antes de tudo um ritual, uma abordagem para uma leitura crítica de algo que diz tanto sobre nós. A performance não procura responder sobre o tema. Não é esse o objetivo. O NEXTO busca estimular o diálogo e a participação popular. Após assistir o vídeo que documenta a passagem dos atores no Mercado Público do bairro de Afogados, peço licença e tomo emprestado o poema de Alice Ruiz para encerrar o texto: algumas flores teimam em viver/ apesar do tempo/ apesar do peso/ apesar da morte/ apesar de algumas que teimam em morrer/ apesar de tudo.



                                                      





Taciana Oliveira é mãe de JP, cineasta, torcedora do Sport Club do Recife, apaixonada por fotografia, café, cinema, música e literatura. Coleciona memórias e afetos. Acredita no poder do abraço. Canta pra quem quiser ouvir: Ter bondade é ter coragem.