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por Recife-Lo Fi e Taciana Oliveira__
Artista cultuado entre bandas de rock alternativo a partir da segunda metade dos anos 1980, e em circuitos de música independente amantes da produção DIY (do-it-yourself, ou faça-você-mesmo), Daniel Johnston morreu em 10 de setembro deste ano, vítima de um fulminante ataque cardíaco. Deixou um grande legado. Johnston foi um prolífico músico praticante da bricolagem sonora e pioneiro das gravações artesanais, ou lo-fi, gravando principalmente em cassetes e utilizando recursos caseiros de produção. Suas músicas e obras de arte – como seus vários desenhos e pinturas – influenciaram diversos artistas como Mike Watt, Sonic Youth, Tom Waits e muitos outros. Um dos seus fãs mais notórios era Kurt Cobain, falecido líder do Nirvana, que ajudou a divulgar seu trabalho ao usar uma camiseta com a capa do disco Hi, how are you, de 1983.
O cantor e compositor folk deixou para trás um conjunto incomparável de produções, começando com Songs Of Pain de 1981 e terminando com Beam Me Up!. Lee Ranaldo e Steve Shelley, do Sonic Youth, também contribuíram para um dos álbuns de Johnston, intitulado 1990, lançado em 1988. Johnston lutou com problemas de saúde física e mental durante a maior parte de sua vida e foi diagnosticado com esquizofrenia e transtorno bipolar. Problemas abordados no aclamado documentário de 2005, The Devil and Daniel Johnston. O herói do folk é mais lembrado por músicas como Life in Vain, True Love Will Find You the End e Walking the Cow.
Supervão, Zeca Viana e Gentrificators Créditos: Ana Bassasi e Kamila Ataíde |
E justamente no sentido de homenagear e relembrar as músicas e o legado do artista, foi organizada por Marcelo Conter (Gentrificators) e Mario Arruda (Supervão), a coletânea nacional “Canções ao Inconsciente de Daniel Johnston” reunindo 17 faixas, entre versões, covers e músicas inspiradas. "Daniel Johnston faleceu em setembro de 2019, vítima de ataque cardíaco. Mas seu coração segue pulsando dentro de nós. É por isso que organizamos uma singela homenagem: uma coletânea de gravações instantâneas em tributo ao grande compositor, sem fins lucrativos", comenta Marcelo Conter.
A coletânea conta com Supervão, Zeca Viana, Gentrificators, Frankestein Love, Estêvão Vieira, Walter Willy, Medialunas, Cine Baltimore, Moldragon, Solomon Death, Juliano Rodrigues, Gue Martini, Gabriel Islaz, Agreste e conta com uma arte assinada por Eric Pedott. “Da minha parte, coube incentivar o Marcelo, conversar um pouco sobre o conceito e o nome da coletânea... E pude também participar musicalmente com duas músicas: uma com a Supervão, na qual sampliei “Hi, how are you” e inserimos em uma estética lo-fi hip hop; e outra sozinho em uma gravação espontânea que fiz em 2 horas livres em um dia de coração apertado...”, explica Mario Arruda.
O Mirada conversou pelo WhatsApp com Zeca Viana sobre a participação na coletânea:
1 - Por que Life in Vain?
Life in Vain foi a segunda música que ouvi do Daniel Johnston (a primeira foi Love Wheel). Isso em 1998, através de um CD-R pirata do álbum FUN (1994). Aliás, FUN é o primeiro disco lançado por uma gravadora; então meu primeiro contato com a obra dele não foi diretamente com as gravações caseiras que só consegui acesso um ano depois. Depois vi pela primeira vez o videoclipe de Life in Vain no programa Lado B da MTV apresentado por Fábio Massari. No final dos anos 90 ainda era muito difícil baixar músicas pela internet, então esse CD-R me salvou. Sempre adorei a melodia: pop, mas ainda bastante folk e muito simples. Escolhi essa faixa por conta da letra que fala sobre não passar a vida em vão, sobre manter a esperança. É uma letra bastante crítica também sobre costumes, a relação com a dependência da TV (hoje ironicamente existe essa mesma dependência das redes sociais) e como muitas vezes parecemos mortos-vivos no automático fazendo coisas sem refletir".
2 - Quem participa da produção da faixa ?
Gravei a faixa sozinho em casa. Quando Marcelo Conter, organizador da coletânea, entrou em contato, essa música foi a primeiro que me veio à cabeça. Então, gravei a música aqui no meu homestudio. Primeiro gravei a bateria e o baixo como base, e aproveitei para testar um amplificador de guitarra handmade que comprei recentemente e tentei deixar ela bastante direta e simples, sem mudar muito os arranjos originais, mas dando uma roupagem mais garage rock. Passei uns dois dias mixando para dar essa cara de ao vivo, com alguma sujeira e características de garagem mesmo, com uma sala pequena e como se todos os instrumentos tivessem tocando juntos. Depois fiz a master e enviei para Marcelo. Gostei muito de fazer essa versão e fiquei com vontade de fazer outras de outras bandas e artistas que me influenciaram de alguma forma.
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Daniel Johnston |
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Taciana Oliveira é mãe de JP, cineasta, torcedora do Sport Club do Recife, apaixonada por fotografia, café, cinema, música e literatura. Coleciona memórias e afetos. Acredita no poder do abraço. Canta pra quem quiser ouvir: Ter bondade é ter coragem.