por
Taciana Oliveira___
Na Caixa de Poesia do Mirada chegam dois poemas do recém publicado Pergamináceo (Editora Penalux, 2020), livro do poeta Luís Guilherme Libório. O terceiro poema é inédito e se apresenta no formato de plaquete. Para fazer o download clique: Internet Archive. Para adquirir o livro do escritor acesse aqui o site da Editora Penalux.
por Taciana Oliveira__
A exposição online Serrinha Luz e Cores, do fotógrafo Yuri Juatama faz parte da programação do projeto TudoEmCasaFecomércio, uma ação do Sesc Ceará. Yuri apresenta seu projeto para o Mirada e assim define sua proposta: Serrinha Luz e Cores” tem como principal objetivo elevar a autoestima do bairro onde moro através de uma nova perspectiva imagética. O Projeto possui uma estética própria, são fotografias pictoriais e noturnas, que dialogam com a diversidade da periferia. É uma tentativa de retratar a identidade periférica cearense, trazendo em suas narrativas, temporalidade e signos da diáspora sertão-capital.
A exposição online Serrinha Luz e Cores, do fotógrafo Yuri Juatama faz parte da programação do projeto TudoEmCasaFecomércio, uma ação do Sesc Ceará. Yuri apresenta seu projeto para o Mirada e assim define sua proposta: Serrinha Luz e Cores” tem como principal objetivo elevar a autoestima do bairro onde moro através de uma nova perspectiva imagética. O Projeto possui uma estética própria, são fotografias pictoriais e noturnas, que dialogam com a diversidade da periferia. É uma tentativa de retratar a identidade periférica cearense, trazendo em suas narrativas, temporalidade e signos da diáspora sertão-capital.
por Taciana Oliveira__
A poesia árida e agridoce de Daniel Glaydson Ribeiro é testemunha explícita do colapso humanitário que nos rege. A lama que nos consome triunfa no solo semeado de mortes e ignorância. E assim Daniel escreve: o medo é uma larva coletiva
A resiliência virá? Não sabemos. Façamos da dor a estrutura do verso. Nietzsche em Assim falou Zaratustra ditou: Eu vo-lo digo: é preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante.
Daniel desenha no seu poema uma crítica honesta ao capital, ao descartável. Ele nos faz refletir que podemos romper a casca e enxergar além das linhas dos códigos de barra.
Participou da Curadoria: Argentina Castro.
Ilustrações: Sanzio Marden.
Diagramação: Rebeca Gadelha
Faça download do plaquete : Internet Archive
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Daniel Glaydson Ribeiro nasceu em Picos (1985). Pai de Anita, Tarsila e Bento. Professor do Instituto Federal do Piauí. Experimenta e medita os Círculos de Envolvimento, colocando em práxis no ensino de língua e literatura uma proposta democrática, em que tod@s se expressem ética e esteticamente. Dentre as publicações recentes, estão: “Corpo consciente e os círculos de envolvimento (ciber)cultural” no livro 50 olhares sobre os 50 anos da Pedagogia do Oprimido (2019); o poema “Põlinud-iná” na revista Desenredos (2020); e traduções de Paul Valéry na revista Em Tese (UFMG), juntamente com Fábio Roberto Lucas. Pesquisou a obra de Jorge de Lima no doutorado em Teoria Literária e Literatura Comparada (USP), mergulhando no acervo do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa. Carnifágia malvarosa: as violações na Suma Poética de Jorge de Lima, indicada ao Prêmio Capes de Tese, traz à luz material do processo genético da neobarroca Invenção de Orfeu. Hoje, coordena o projeto de extensão “Linguagem e poesia #dendicasa”, cuja produção pode ser encontrada em youtube.com/Linguagemepoesiadendicasa
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Taciana Oliveira é mãe de JP, cineasta, torcedora do Sport Club do Recife, apaixonada por fotografia, café, cinema, música e literatura. Coleciona memórias e afetos. Acredita no poder do abraço. Canta pra quem quiser ouvir: Ter bondade é ter coragem.
por
Cinthia Kriemler_
Março
de 2018. Quênia.
Eutanásia.
O último rinoceronte branco do norte está morto. Sudan, 45 anos, se
torna parte das espécies e subespécies dizimadas pelo único
predador que mata por ignorância, por lucro. E sempre por prazer. Um
macho de sorte — mesmo que sorte seja uma palavra estranha de
significado. Não foi abatido como caça. Sobreviveu. Capturado aos
10 meses de idade, foi enviado para um zoológico. Por 36 anos
agradou humanos. Morre, agora, num santuário. E santuário também é
uma palavra de significado incomum. Um cativeiro cercado por boas
intenções. Uma fração da história que deveria ter sido. De um
jeito ou de outro, Sudan foi uma vida desvirtuada. Deturpada em seu
roteiro original. Fecha os olhos cercado pelos soldados que o
protegem, pelos cuidadores e pelos pesquisadores que o observam há
quase uma década. E quando o seu corpo de dois mil e trezentos
quilos — tomado por uma infecção generalizada — segue para o
descanso da morte, ainda ostenta, intocado, o cobiçado chifre que
fez dele um alvo por toda a sua vida. Sudan é o último macho dos
rinocerontes brancos do norte. Mas o seu sêmen congelado ainda é
esperança de rebentos. Multiplicados, alimentarão a lenta e difícil
tentativa de reverter a extinção da subespécie. Se os caçadores
não se reproduzirem como pragas, se a cobiça não caminhar mais
rápido do que a ciência, se todos os obstáculos forem superados,
talvez seja possível repovoar a savana.
Não
há lágrimas pelos rinocerontes brancos do norte. São apenas
bichos.
Abril
de 2014. Chibok, Nigéria.
Negras.
Virgens. Crianças. 276 meninas sequestradas de uma escola em Chibok
por fundamentalistas islâmicos do Boko Haram. Em nome do fanatismo,
da dominação e do ódio, essa trindade depravada. Afastadas de suas
famílias, impedidas de suas crenças, privadas de qualquer
dignidade. Pasto fresco para as bestas que justificam atrocidades em
nome de um deus falsificado, omisso, cúmplice. Caças impotentes.
47
fugas. 117 libertações em trocas árduas com o governo. Mas 112
meninas de Chibok nunca mais são vistas. Para elas, não há a
proteção do santuário. Só o cativeiro. E as curras que não
cessam. E a parição de bebês indesejados que crescem ao lado de
seus reprodutores selvagens, influenciados pela bestialidade de
crenças pervertidas. 112 meninas-matrizes, como as cadelas
acorrentadas que cruzam e cruzam sem descanso até a morte por
infecção, por inanição ou por maus-tratos.
Não
serão resgatadas. Não têm nome ou foto nos jornais. São apenas
meninas negras da África. Descarte.
Fevereiro
de 2018. Dapchi, Nigéria.
Não
bastaram. O sequestro das 276 meninas de Chibok. Os casamentos
forçados. A destruição das identidades. O aniquilamento dos
alicerces psicológicos, religiosos e morais. As crianças geradas
por espermas sem nome. Mais 110 são raptadas em Dapchi. Meninas. Em
plena luz do dia. Porque a luz do dia parece ter se tornado uma
sentinela inútil e impotente. Em igualdade perversa, as meninas
nigerianas de Dapchi são como as meninas de Chibok. E como os
rinocerontes brancos do Quênia. Indefesas. Caçadas. Afastadas de
suas histórias originais. Exiladas. Cativas. Desenraizadas. Vítimas
da mesma ganância. Neles, o que se cobiça são os chifres. Nelas,
os úteros.
No
mundo, tudo permanece silêncio. São apenas estatísticas ruins do
Terceiro Mundo.
2
de setembro de 2015. Costa da Turquia.
Aylan
Kurdi não vence o mar. Como poderia? [... as águas são
rotas de braços frios / que adormecem bebês / meninas, bebês
meninos / para entregá-los, purificados / a um Criador
envergonhado]. Aylan Kurdi é só um menino de três anos. Sírio.
Como a maioria dos refugiados que fogem das guerras pelo poder. Aylan
Kurdi é mais uma criança afogada numa praia da Turquia. Vira
notícia porque a turca Nilüfer Demir e sua câmera estão em
vigília na areia trágica. Ah, os fotógrafos! Esses seres
despudorados que denunciam com suas lentes o que os olhares frágeis
das pessoas frágeis preferem não ver. Ver é inquietação. Por
isso, talvez, o mundo não tenha chorado por Galip, 5 anos, irmão de
Aylan. O corpo dele não chegou à praia. Não foi fotografado.
Não
ver é a alienação desejada.
Aylan
e Galip saíram de casa para morrer no mar. Sem entender por que
deixaram para trás o seu país. Crianças não entendem as guerras.
Não deveriam, igualmente, fazer parte delas. Nem deveriam ser
arrancadas das suas referências para serem jogadas no cativeiro do
exílio.
Aylan
e Galip fazem parte da cegueira cômoda. Afinal, são apenas meninos
sírios.
20
de setembro de 2019. Morro do Alemão, Brasil.
Morro
do Alemão. Ou qualquer outro morro. Desde que seja morro. Ágatha
Vitória cai. 8 anos. Tiro nas costas. De fuzil. Coisa de covarde
fardado. Mais uma — e já foram tantas. Crianças como ela, meninas
como ela. Feitas de sorrisos, de brincadeiras, de fantasias. A de
Mulher Maravilha invocando o sonho de um mundo de justiça e de
mulheres guerreiras. E o pesadelo da realidade se contrapondo.
Ceifando, ceifando, ceifando.
Crianças.
Já nem se trata de quantas. Ágathas, Guilhermes, Alanas, Kayos,
Larissas, Adrielles. Já nem se trata de onde. Nova Holanda, Borel,
Alemão, Guarabu. Faz tempo que essa conta está perdida. E perdido é
o que tudo está. Bala. Homem. Consciência. Futuro.
Outubro
| Novembro | Dezembro de 2019. Em todos os grotões de pobreza.
Caixões
brancos encaixados uns sobre os outros empilham-se em tédio cínico.
Aguardam os hóspedes perpétuos que se deitarão entre suas paredes
finas. E o cheiro do sangue que, mesmo lavado, se entranhará nas
suas fibras fracas como uma droga perigosa, viciante, nauseante.
Meninas. Meninos. De algum morro, de alguma comunidade, de algum
bairro pobre. De qualquer lugar esquecido ou desprezado pela tal
gente de bem.
Há
também covas rasas. Esperando os que não podem pagar pela mísera
decência de um caixão vagabundo. São bocas indigentes essas covas
arreganhadas em espera curta. Sabem que logo será saciada a sua fome
ávida. Mais tarde, corpos pequenos preencherão as suas entranhas.
Perfurados por balas perdidas. Vítimas dos predadores que somos: os
que abatem, os que aprisionam, os que empurram para a morte, os que
perseguem até a extinção. Como os caçadores do Quênia, os
estupradores da Nigéria, o ditador da Síria. Como os homens e
mulheres de farda que atiram pelas costas.
Podemos
fechar os olhos. Mais uma vez. Essa é a nossa
expertise. Podemos desligar a TV, tampar os ouvidos, cobrir a
cabeça. Podemos nos mudar para Paris. Ou para a Finlândia. Quando
voltarmos, tudo estará terminado. E olharemos para o genocídio de
meninas e meninos pobres com toda a piedade hipócrita que nos foi
ensinada pelos nossos pais e pelas nossas igrejas. E nos sentaremos
com um copo de cerveja, de vinho ou de uísque entre amigos que
também terão acabado de voltar de Berlim ou de Barcelona. E
discutiremos planos para reverter a extinção.
Em
nossos planos, só uma falha. Não temos o sêmen do rinoceronte
branco.
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Cinthia
Kriemler
é carioca e mora em Brasília. Autora, pela Editora
Patuá,
de O
sêmen do rinoceronte branco
(Contos, 2020). Tudo
que morde pede socorro
(Romance, 2019); Exercício
de leitura de mulheres loucas
(Poesia, 2018); Todos
os abismos convidam para um mergulho
(Romance, 2017) – finalista do Prêmio
São Paulo de Literatura de 2018;
Na
escuridão não existe cor-de-rosa
(Contos, 2015) – semifinalista do Prêmio
Oceanos 2016;
Sob os escombros (Contos, 2014); e Do
todo que me cerca
(Crônicas, 2012). Organizou a antologia de contos Novena
para pecar em paz
a convite da Editora
Penalux,
em 2017. Tem textos e poemas publicados em diversas antologias e em
revistas literárias.
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por Taciana Oliveira __
Três poemas da escritora Cinthia Kriemler na Caixa de Poesia do Mirada. O primeiro poema, Eugenia, chega no formato plaquete e com download gratuito disponível no site Internet Archive.
O discurso narrativo critica abertamente a lavagem cerebral perpetuada pela ideologia armamentista da extrema direita brasileira. Na abertura temos o depoimento de Joelma Andrade, mãe de Mario Andrade, um menino de 14 anos, assassinado a tiros em 2016 por um policial militar, no bairro do Ibura, periferia do Recife. Em Texas a mensagem é explícita:
Um tiro, uma farpa
De onde veio a bala?
Foto amigo? Ou inimigo?
Uma conspiração
Um copo d’água
E onde isso nos leva?
Ao que nos resta
O que nos resta?
Trecho de Texas, música de Diablo Angel
O cenário escolhido para a produção do videoclipe revela a paisagem urbana da capital pernambucana e o semiárido de Surubim. Em tempos de intolerância e políticas genocidas, Diablo Angel nos chama para a consciência. Afinal, a arte nos fortalece no caos. Mario, vive! Resistir ainda é a nossa melhor opção. Assistam o vídeo, escutem a música e reflitam sobre o nosso cotidiano segregador, fincado nos alicerces da banalidade do mal. Texas nos representa.
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Felipe Soares (1984) é produtor, roteirista e diretor cinematográfico. Vive e trabalha no Recife, Brasil. Em 2008, se tornou professor e especialista em educação escolar, seus estudos acadêmicos problematizam o cinema e a cultura corporal. Em 2016 dirigiu o seu primeiro curta-metragem “Autofagia”, onde conquistou 11 prêmios, dentre eles, Melhor Filme no XII Cine PE e no Circuito Penedo de Cinema 2017, posteriormente, o filme foi adquirido pelo Canal Brasil. Recentemente, Felipe está em fase de distribuição do seu segundo curta-metragem de ficção "O Menino que Morava no Som", o curta estreou na Itália (Edera Film Festival 2019) e esteve presente em festivais na Espanha, México, Áustria, Brasil e França.
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Foto: David Nat 01 |
Diablo Angel tem Kira Aderne, vocal e guitarra, Tárcio Luna, guitarra, e Walman Filho, bateria. Em 2020, a banda completa 6 anos de estrada com dois discos lançados e uma turnê pelo Nordeste. Em 2016, lançou o seu primeiro trabalho em estúdio, o disco Fuzzled Mind (Tratore). Já 2019, a Diablo Angel trouxe em fita k7 o disco Futuro (Tratore). Dois trabalhos bastante elogiados pela crítica local e em sites especializados pelo Brasil. Com dezenas de apresentações ao vivo pelo Nordeste, o trio já passou por alguns dos festivais mais importantes da região, entre eles o Abril Pro Rock, o Coquetel Molotov, o Festival de Inverno de Garanhuns, o Grito Rock, entre outros.
contato@diabloangel.com @diabloangeloficial www.diabloangel.com
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Taciana
Oliveira é mãe de JP, cineasta, torcedora do Sport Club do
Recife, apaixonada por fotografia, café, cinema, música e
literatura. Coleciona memórias e afetos. Acredita no poder do
abraço. Canta pra quem quiser ouvir: Ter bondade é ter coragem.