por Carol Sanches___
não fosse
teria conhecido maria
teria tido um filho chamado
joão
teria chorado ao ver isaac
teria deixado as crianças na casa
da avó
teria tido vertigem no 3º dia em
machupicchu
teria desejado ir de trem
teria olhado as estrelas
enquanto mastigava coca
teria parado de fumar aos 28
começado a tomar vinho aos 30
teria feito uma festa surpresa aos
40
teria se divorciado aos 45
teria pesquisado sobre
abdominoplastia 30 vezes
fotografado um boto cor-de-rosa
visto um tubarão cabeça chata no
rio amazonas
subido os degraus do vaticano
descoberto condromalácia aos 53
começado a tomar frontal aos
60
teria o maior dos deja vis
teria colecionado carros em
miniatura
teria cruzado o deserto de atacama aos 70
teria conhecido maria
experiências alquímicas
no fogo,
comecem jogando meus poemas
vejamos se dói
depois,
joguem minha vida inteira
no fogo
há nos desejos incendiários
o risco de matar o estado das
coisas
– há chance de não haver volta
há também o risco
dos desejos incendiários
criarem alteridade:
não é o que sobra
é no que se transforma
Para comprar o seu exemplar: clica aqui
por Divulgação__
A musicista e educadora
feminista Luisa Toller (Bolerinho) apresenta o primeiro trabalho solo de
sua carreira, "Se não fosse poeta, seria mulher-bomba",
acompanhado por lyric video, no próximo dia 18 de março. A canção, fruto da
parceria com a escritora, atriz e slammer Luiza Romão, discorre
liricamente sobre os desejos dessas mulheres artistas de transformar o mundo. A
produção musical é da baiana Neila Kadhi, que também gravou violão,
guitarra, bass synth e beat. Depois de se conhecerem virtualmente produzindo o
single da artista Julia Tizumba, "mãe na pandemia”, o
encontro rendeu e Neila acabou assumindo um papel fundamental na música. O coro
é composto por amizades de Luisa, nascidas através da música: companheiras de
bandas, colegas de universidade e alunas de canto.
Foi a partir do também
poeta e slammer Daniel Minchoni que Luisa Toller conheceu e se apaixonou pela
escrita forte e explícita de Luiza Romão: "Sangria é um dos meus livros
favoritos de poesia até hoje. Quando decidi musicar Se não fosse poeta seria
mulher-bomba me desafiei", conta. Para Romão, o processo também foi
positivo: “
‘’É uma surpresa muito boa
ver um poema meu ganhar o mundo através da composição e da interpretação da
Luisa Toller. Foi incrível ver como ela deu outras temperaturas ao poema, a
partir do momento em que o transformou em uma letra de canção”. O single
antecede o disco de Toller, "Mulher Bomba", a ser lançado em abril,
com canções autobiográficas e provocações feministas.
Se não
fosse poeta
seria
mulher-bomba
dessas
que explodem ao primeiro tapa
ou ao primeiro toque"
Luisa Toller canta e toca nos grupos Bolerinho, Meia Dúzia de 3 ou 4, Vozeiral e no grupo infantil Tá na Hora de Dormir. Como compositora já fez webhits, jingles, trilhas sonoras e marchinhas, dentre elas os sucessos “Tomara que Caia”,” Samba da Quarentena” e “Mãe na Pandemia”, além de escrever sobre arte e gênero para a Revista Azmina.