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Cotidiano, condição feminina, sensualidade e espiritualidade: uma conversa com a escritora Ana Salvagni sobre seu livro “Oratório”


Ana Salvagni (@salvagni.ana), autora do livro "Oratório" lançado recentemente pela editora Laranja Original, apresenta em sua obra uma reflexão profunda sobre temas como cotidiano, feminilidade, sensualidade e espiritualidade. Influenciada por escritores renomados como Hilda Hilst e Fernando Pessoa, Ana constrói um universo poético que se desenvolveu ao longo de uma década, abrangendo desde períodos de seca criativa até a intensidade do isolamento durante a pandemia.


Para além de suas incursões na literatura, Ana Salvagni é uma presença marcante na cena musical, com uma carreira que se estende por mais de trinta anos em Campinas. Com quatro álbuns lançados, incluindo o premiado "Alma Cabocla", Ana é regente de corais e integrante do grupo Flor da Pele. Sua incursão na escrita começou na infância, onde já se destacava nas matérias de Língua Portuguesa e Literatura. Além de "Oratório", Ana compartilha planos futuros, revelando uma série de haicais em progresso e a possibilidade de retomar um projeto de crônicas, indicando uma trajetória artística em constante evolução.


1 - Se você pudesse resumir os temas centrais do livro, quais seriam?

Religiosidade, Sensualidade, Natureza, Cotidiano, Espiritualidade. Não os escolhi, eles apenas nascem com a vontade/necessidade de me expressar através da escrita. Imagino que estes temas sejam frutos de situações eventuais da minha vida, embora alguns poemas não pareçam, a mim, que tenham ligação com alguma coisa circunstancial vivida.


2 - Que livros influenciaram diretamente a obra?

Não identifico um ou mais títulos que tenham influenciado diretamente este meu livro, mas certamente ele é resultado do que absorvi de diferentes obras e diferentes autores, ao longo de 10 anos, foi o tempo percorrido entre esta, e a minha última publicação.


3 - Quais são as suas principais referências como autora?

Minhas principais referências são: Hilda Hilst, Vinícius de Moraes, Manoel de Barros, Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade.


4 - Como foi o processo de escrita?

Escrever é resultado de, basicamente, duas coisas: a necessidade de expressar sentimentos diversos, e o gosto, em si, pelo próprio exercício da escrita, ou seja, ser desafiada a encontrar a palavra certa, a ser precisa, ser concisa, a sentir que as possibilidades são infinitas e estar pronta para avançar.


5 - Como a música se relaciona com seu processo criativo?

Eu imagino que a música esteja tão embrenhada em mim, que, de alguma forma, influencia tudo o que faço. Em uma breve análise, percebo que tanto a música como a poesia gostam do som; e a música vocal, sobretudo, assim como a poesia, gosta da sonoridade e do sentido das palavras. Em geral, sou questionada pelo fato de não transformar - ou não desejar transformar - meus poemas em música. A resposta é simples: não sou compositora, sou poeta e cantora. Como poeta, sim, eu “componho” na literatura; e como cantora, posso dar voz às belas canções já criadas.


6 - Como começou a escrever?

Desde criança, gosto de escrever e sempre tive predileção, na escola, pelas matérias de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Posso me lembrar de um pequeno texto escrito por volta dos 13 anos, algo que, pela primeira vez, reconheci como poesia. Mais adiante, entre 18 e 25 anos, aproximadamente, vivi um período em que a leitura e a escrita de poemas se intensificou. Bem mais tarde, aos 36 anos, publiquei meu primeiro livro, depois de muitas dúvidas, reflexões e trocas de experiências com outros autores.


7 - Como você definiria seu estilo de escrita?

Não saberia definir meu estilo, na verdade, nem sei se tenho um... deixarei esta definição aos estudiosos e conhecedores - mais do que eu, se, por sorte, minha poesia chegar até eles!


8 - Como é o seu processo de produção?

Escrevo no computador, em meu escritório. Se houver silêncio na casa e na vizinhança, tanto melhor, mas, com algum ruído em volta, desde que não seja muito forte, também é possível me concentrar. Ao computador, é a melhor forma de anotar, desenvolver, armazenar e editar ideias e textos, mas, muitas vezes, os poemas nascem em outros ambientes, como em cafeterias, restaurantes, praças ou em viagens de ônibus, além do leito, antes de dormir, e, nesses, casos, as ideias são anotadas em cadernos ou pedaços de papel.


9 - Você tem algum ritual de preparação? Tem alguma meta diária de escrita?

Não exatamente. Mas percebo que nos ambientes citados acima, como, por exemplo, antes de dormir, ou quando saio sozinha para uma cafeteria ou um passeio, se tenho um pouco de tempo livre, pode acontecer de serem ocasiões propícias à observação ou auto-observação, o que, por sua vez, pode levar à chamada "inspiração" ou, em outros termos, à captura de sensações e ideias.


10 - Quais são os seus projetos atuais na área de literatura? O que vem por aí?

Tenho trabalhado em uma série de haicais e este deverá ser o meu próximo livro, mesmo que ainda precise de mais um ou dois anos, para aumentar a produção e amadurecer a escrita. Além deste, em algum momento, deverei retomar o projeto de um livro de crônicas.


 por Carlos Monteiro__


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Foto de Erik Mclean na Unsplash

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Foto: Kleber Santana
                                                                         

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 por Luiz Henrique Gurgel__



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por Manoel Tavares Rodrigues-Leal_



                    

                                                              Manoel T. R.-Leal – Fotografia em alto contraste (c 2011)

 por Carlos Monteiro___


Fotografia de Carlos Monteiro

 por Adriano Espíndola Santos__




Foto de Quasi Misha na Unsplash

 por Alessandro Caldeira__


Foto de Adam Wilson na Unsplash